terça-feira, 8 de junho de 2010

O pai dos pobres o mito de Vargas


Texto de João Paulo Mesquita Hidalgo Ferreira e Luiz Estevam de Oliveira Fernandes.

Experimente fazer uma breve pesquisa com pessoas com mais de 60 anos perguntando a elas sobre Getúlio Vargas. Muito provavelmente grande parte dos entrevistados irá responder que Getúlio foi o melhor presidente do Brasil, símbolo de defesa dos mais humildes e do nacionalismo brasileiro ou algo neste sentido. E você, então, pode parar para se questionar: como um presidente que chegou ao poder por de um golpe de Estado, que comandou o país durante um bom tempo através de uma ditadura, que se aproximou tanto do nazismo quanto do fascismo, que fez um sem-número de pessoas como prisioneiros políticos, torturando-os e até mesmo matando-os, pode ser tão considerado assim? A resposta mais contundente para isso é que Vargas é um mito na história do Brasil. E, como todos os mitos que são formados, a opinião pública esquece os problemas e vangloria os feitos.

height=325O mito em torno da figura do “pai dos pobres” não surgiu do nada. Como outros, sua mitificação foi uma criação fomentada principalmente pelas propagandas idealizadas no poder autoritário e centralizador do Estado Novo. Durante a ditadura de Vargas, uma enorme engrenagem de censura contra a oposição e propaganda de seus feitos foi criada. Instaurado em 1939, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão que controlava os meios de comunicação e as artes, promovia a imagem do “pai dos pobres” mostrando em escolas e cinemas filmes sobre a vida de Getúlio e suas obras. Com o estabelecimento da Hora do Brasil, programa de rádio transmitido todos os dias entre 19 e 20 horas, o governo pôde entrar nas casas da população em horário nobre, fazendo propaganda de seus feitos e estabelecendo um vínculo direto entre Getúlio e o cidadão. Feriados nacionais como o Dia do Trabalho, o Dia da Independência e até mesmo o aniversário do presidente (19 de abril) eram utilizados para Vargas entrar em contato direto com as massas, particularmente em gigantescos comícios realizados em estádios de futebol abarrotados. Nessas ocasiões ocorriam desfiles de jovens e crianças que, treinados como robôs, demonstravam o nacionalismo e o apreço pela figura do presidente empunhando retratos de Getúlio. Assim como nas festividades nazistas, a estética das apresentações evocava o patriotismo do povo.


Cartões-postais criados pelo DIP exaltando os feitos do governo Vargas


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Cartilhas de alfabetização, escritas pelo próprio Getúlio, eram obrigatórias na educação das crianças. Livros infantis que contavam a trajetória pessoal de Getúlio, mostrando-o como um homem de sentimentos nobres, defensor dos pobres e dos humildes, que estava acima de tudo e de todos, ajudavam na criação da imagem popular sobre Vargas. Epicamente, estes livros relacionavam Vargas à defesa do próprio país, enfatizando que mesmo sua ditadura era benéfica para o povo e que seus opositores eram, na verdade, inimigos do Brasil. Nas repartições públicas, muitas vezes a foto do presidente se
sobrepunha à própria bandeira da nação.


Detalhe da capa da cartilha de alfabetização com a imagem de Vargas



Obviamente, o engajamento da propaganda oficial acabaria refletindo na cultura popular. Cuíca de Santo Amaro, poeta da literatura de cordel, tinha como título de uma de suas poesias “Deus no céu e Getúlio na terra” Nessa época, por exemplo, inúmeras canções foram escritas exaltando a figura de Vargas. Uma das marchinhas da época, enaltecendo o presidente, afirmava “ele tinha nas suas iniciais o G que representa a glória e o V que significa vitória...”
Sua conhecida carta-testamento serviria ainda mais para enfatizar no imaginário popular a imagem de Getúlio Vargas como um pai protetor, como um símbolo da defesa dos trabalhadores e da luta contra o domínio estrangeiro no país.

Questões - Era Vargas

 Era Vargas - Exercícios resolvidos

01. (FUVEST) O Brasil sofreu de forma relativamente forte os efeitos da Crise de 1929 porque:
      a) o governo de Getúlio Vargas promoveu medidas de incentivo econômico, com empréstimos obtidos no Exterior;
      b) o País, não tendo uma economia capitalista desenvolvida, ficou menos sujeito aos efeitos da crise;
      c) houve redução do consumo de bens e, com isso foi possível equilibrar as finanças públicas;
      d) acordos internacionais, fixando um preço mínimo para o café, facilitaram a retomada da economia;
      e) a base da economia eram as exportações de produtos agrícolas, principalmente o café, sem grande valor agregado.

02. (FUVEST) A política cultural do Estado Novo com relação aos intelectuais caracterizou-se:

      a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelectuais considerados adversários de regimes ditatoriais;
      b) por um clima de ampla liberdade pois o governo cortejava os intelectuais para obter apoio ao seu projeto nacional;
      c) pela indiferença, pois os intelectuais não tinham expressão e o governo se baseava nas forças militares;
      d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois o governo se apoiava nos trabalhadores sindicalizados;
      e ) por uma política seletiva através da qual só os adversários frontais do regime foram reprimidos.

03. De uma forma geral as fases da Era Vargas (1930 - 1945) apresentou:

      a) O abandono definitivo da política de proteção ao café.
      b) A crescente centralização político-administrativa .
      c) Um respeito aos princípios democráticos, em toda sua duração.
      d) Um leve "surto industrial", resultante da conjuntura da Grande Guerra (1914 - 1918).
      e) Um caráter extremamente ditatorial, em todas as suas três fases.

04. A Europa dos anos 30 conheceu os extremismos resultantes do confronto ideológico entre os totalitarismos de esquerda e
de direita. Eram representantes de direita (nazi-fascismo), no Brasil no período do Governo Constitucional da Era Vargas?

      a) os aliancistas, reunidos em torno da Aliança Nacional Libertadora;
      b) os "camisas-verdes" liderados por Luís Carlos Prestes;
      c) os tenentes, que após a Revolução de 1930, tornaram-se defensores do Estado Fascista;
      d) os integralistas, sob a liderança de Plínio Salgado, sonhavam com um Estado Totalitário;
      e) os getulistas, adeptos de um Estado Forte, sob a liderança de Vargas.


05. Recuperação da autonomia, reconstitucionalização do País e nomeação de um interventor civil e paulista foram
reivindicações que marcaram qual fato histórico da Era Vargas:

      a) o movimento tenentista da década de 1920;
      b) a reação da oligarquia paulista na Revolução de 1932;
      c) as manifestações integralistas nos anos 30;
      d) as intentonas comunistas de 1935;
      e) as rebeliões promovidas pela ANL entre 1934 e 1937.


06. (FGV) "Redescobrir e revolucionar é também o lema do Verde-Amarelismo, que, antes de organizar-se no movimento Anta
(Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia, Plínio Salgado) e materializar-se no ideário 'curupira', passa pela xenofobia
espingardeira da Revista Brasília."
O texto acima fala de um movimento literário do Brasil dos anos 30, que tem correspondência político-ideológica com:

      a) o Integralismo
      b) o Marxismo-lenilismo
      c) o Anarco-sindicalismo
      d) o Socialismo Utópico
      e) a Maçonaria


07. (UFRJ) A expressão Estado Novo foi empregada para identificar um fato histórico a partir do momento em que:

a) entrou em vigor a terceira Constituição brasileira, a de 1934;
b) foram reunidos num só os Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara;
c) Getúlio Vargas outorgou ao País a Carta de 1937, que lhe conferia plenos poderes;
d) assumiu a Presidência da república, Jânio Quadros;
e) assumiu a Presidência da República, João Goulart.


08. (MACKENZIE) Sobre o Estado Novo, é falso afirmar que:

 a) DIP, DASP e Polícia Secreta constituíram órgãos de repressão e de sustentação do regime;
 b) a centralização política e a indefinição ideológica identificaram esta fase;
 c) a legislação trabalhista garantia o direito de greve e autonomia sindical. O Estado afasta-se da  relação capital e trabalho;
 d) o crescimento industrial se fez em parte graças à concentração de renda, baixos salários e desemprego;
 e) as oligarquias apoiavam o governo já que este garantia a grande propriedade e não estendia às leis trabalhistas ao campo.

09. Durante a vigência do Estado Novo (1937-1945), destaca-se a implantação da legislação trabalhista. Foram medidas do governo Getúlio Vargas, EXCETO:
a) A redução da jornada de trabalho.
b) A liberdade de organização sindical.
c) A remuneração de férias trabalhistas.
d) A regulamentação do trabalho feminino.
e) A criação dos institutos de aposentadoria. 

10. (FUVEST) O período entre as duas guerras mundiais (1919 - 1939), foi marcado por:

a) crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia e polarização ideológica entre fascismo e comunismo;
b) sucesso do capitalismo, do liberalismo e da democracia e coexistência fraterna entre o fascismo e o comunismo;
c) estagnação das economias socialista e capitalista e aliança entre os EUA e a URSS para deter o avanço fascista na Europa;
d) prosperidade das economias capitalista e socialista e aparecimento da guerra fria entre os EUA e a URSS;
e) a coexistência pacífica entre os blocos americano e soviético e surgimento do capitalismo monopolista.

11. Após a queda de Getúlio Vargas (29/10/1945) é eleito Eurico Gaspar Dutra e no primeiro ano de seu governo é concluída a:

a) Reforma Partidária;
b) Pacificação interna dos Estados;
c) Emenda Constitucional que consolida a Constituição de 1934;
d) Democratização do País;
e) Constituição, a quinta do Brasil e a quarta da República, em setembro de 1946.



RESPOSTAS: 1E: 2E: 3B: 4D: 5B: 6 A: 7C: 8C: 9B: 10A: 11E