2º ANO


O ILUMINISMO - pela razão, liberdade e progresso.




INTRODUÇÃO.

A fim de obter mais poder econômico e político a burguesia europeia do século XVIII apresentou ao ocidente uma nova forma de pensar. Os movimentos de contestação ao Absolutismo (Antigo Regime) como a Independência dos EUA, a Revolução Francesa e a Independência dos domínios europeus nas Américas espanhola e portuguesa foram precedidos de ideias modernizantes. O Iluminismo formatou os pensamentos revolucionários no século XVIII. Portanto, são sementes das quais brotam revoluções

Podemos definir o Iluminismo como a corrente de pensamento dominante na Europa do século XVIII. Defendeu o predomínio da razão sobre a fé e estabeleceu o progresso como destino da humanidade representando a visão de mundo burguesia. Seus pensadores negavam as doutrinas absolutistas e mercantilistas e em seu lugar apoiavam valores liberais tanto na economia quanto na política.

ORIGENS.

A denominação de Iluminismo se refere ao movimento que procura trazer a luz da razão e iluminar as trevas da ignorância. Os primeiros teóricos do Iluminismo introduziram as bases do movimento ainda no século XVIII dados pelas transformações que vinham ocorrendo na Europa desde o início da Idade Média como o Renascimento, a Reforma Protestante, a Expansão Marítima e Comercial e a ascensão da nova classe: a burguesia. Assim,  o Iluminismo está entrelaçado com esses eventos históricos.
Entre as características do Iluminismo está o racionalismo, o liberalismo,  combater o Absolutismo dos reis e o poder da Igreja Católica (anticlericalismo).

O ILUMINISMO NA POLÍTICA.

racionalismo foi fundamentado como método científico pelo filósofo e matemático francês René Descartes, que, em 1637, estabeleceu o uso da razão como o único caminho para o conhecimento. Descartes partia de verdades básicas, conhecidas como axiomas, para então atingir conhecimento mais amplos. Seu primeiro axioma ficou famoso: "Penso, logo existo".
No campo das ciências exatas, o físico inglês Isaac Newton também revolucionou o pensamento científico da época ao afirmar que o universo não precisava de intervenção divina para se manter, pois seria regido por leis próprias que podem ser conhecidas pelo homem por meio da ciência.
Os princípios da política Iluminista - conhecido por liberalismo - foram formulados pelo filósofo inglês John Locke, que defendia uma relação contratual entre o monarca e seus súditos conhecida como o Contrato Social. Para Locke, o homem possuía direitos como liberdade e propriedade privada, e cabia ao Estado proteger esses direitos o que limitava o seu poder.
Os importantes avanços econômicos culturais e científicos levaram a crença de que o destino da humanidade era o progresso. O auge dessa efervescência se deu no século XVIII conhecido como o "século das luzes". Para além do racionalismo e do liberalismo outro princípio tipicamente Iluminista é o combate aos poderes da Igreja Católica conhecido como anticlericalismo - posição política contrária ao poder da igreja. Os nomes mais significativos do Iluminismo francês foram os filósofos Voltaire, Montesquieu e Rousseau.  O primeiro ligado a alta burguesia era um crítico fervoroso do absolutismo da nobreza e principalmente da igreja crítica. Voltaire foi um dos inspiradores do despotismo esclarecido.
Montesquieu foi idealizador da teoria dos Três Poderes, ainda hoje bem difundida no mundo contemporâneo. Defendeu a independência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de modo a limitar a força do rei absolutista. Cada um dos três poderes harmonizando as esferas do Estado e garantindo a liberdade civis. Era partidário da Monarquia Constitucional.
Rousseau era identificado com a baixa burguesia e com os trabalhadores miseráveis. Ele posicionou-se a favor do Estado democrático voltado à vontade geral. Republicano esperava que o poder político deveria ser do próprio povo. É dele a noção do bom selvagem segundo a qual o homem nasce bom, mas depois é pervertido pela sociedade. Foi o maior ideólogo da Revolução Francesa .

O ILUMINISMO NA ECONOMIA.
Os iluministas também condenavam o sistema econômico do antigo regime absolutista o mercantilismo.
O francês discípulo de Quesnay defendeu o fim da regulamentação limitadora das atividades econômicas e cunhou a expressão que depois se tornou o símbolo do liberalismo econômico: "Laissez faire, laissez passer" (deixe fazer, deixe acontecer).  O mais badalado ideólogo Iluminista na economia  foi pensador escocês Adam Smith, que produziu a obra a Riqueza das Nações em 1776.  Aprofundou ainda mais esses ideais ao afirmar que a economia funcionava por si mesma como se "uma mão invisível" a dirigisse, ou seja, o mercado que se autorregula através da Lei da Oferta e Procura. Condenava o mercantilismo, afirmava ser o trabalho a única fonte de riqueza, pregava a livre concorrência e a não intervenção do Estado na economia fundamentado, assim, o liberalismo econômico que hoje foi adaptado ao contexto da nossa época como neoliberalismo.

DESPOTISMO ESCLARECIDO.

O Iluminismo aterrorizava os soberanos absolutistas. Entretanto alguns perceberam que para se manter no poder era preciso adotar reformas de cunho Iluminista. Essa tentativa de modernização ficou conhecida como despotismo esclarecido e tinha por objetivo aliviar as tensões entre a nobreza e a burguesia garantindo, assim  a sobrevida da monarquia absolutista europeia. Medidas adotadas por esses soberanos foram a limitação do Poder da Igreja Católica e a redução dos privilégios da aristocracia e do clero. Apesar das mudanças a participação política da burguesia e do povo continuaria limitada O que levaria a revoltas - sendo a principal a Revolução Francesa em 1789.





A AMÉRICA ESPANHOLA


Painel de Diego Rivera retratando o modelo de exploração da Espanha no México.


Modelo de "colonização" espanhola na América.

Primeiramente entenda que o processo de domínio das terras do Novo Mundo (Américas) não foi colonizador, e sim de exploração. O termo colonização foi apenas na visão eurocêntrica, pois para indígenas e africanos se institui a dominação na precisão integral do termo. Os europeus invadiram, mataram, conquistaram, escravizaram e exploraram o quanto puderam. Ao mesmo tempo forjaram as bases políticas, econômicas e sociais do que hoje é a América. Após, a chegada de Cristóvão Colombo na América, em 1492, as potências ultramarinas começaram a se instalar no Novo Mundo. Os conquistadores dizimaram boa parte dos nativos, subjugaram os restantes e exploraram intensamente quase a totalidade das terras durante cerca de três séculos, o que resultou em um vigoroso fluxo de riquezas para a Europa, principalmente para a Espanha.


Formas de dominação da "colonização".

No contexto da Expansão Marítima do século XV, as potências europeias tomaram posse da terra nas Américas e conforme a conveniência aplicaram o modelo de extrair recursos mais vantajoso aos seus propósitos. 
No geral, o modelo adotado foi o de exploração dos recursos naturais de cada território e era voltada para o abastecimento do mercado europeu, caracterizavam-se pelo Plantation, ou seja, a grande propriedade, a monocultura e o trabalho escravo, uma forma eficiente de produzir muito e com baixo custo. Além da agricultura, praticava-se intensa extração de metais, em razão do tipo de mercantilismo adotado pelos países ibéricos: o metalismo. Nessas regiões, valia o que chamamos de Pacto Colonial ou Exclusivo Colonial, segundo o qual a "colônia" só podia vender sua produção à Metrópole a preços reduzidos e dela importar aquilo de que precisasse a alto custo e lucro para os comerciantes da matriz europeia. Esse foi o tipo de "colonização" empregado pela Inglaterra "na porção sul de sua colônia" na América do Norte ( atual Estados Unidos) e por Espanha e Portugal nos seus domínios aqui nas Américas central e do sul. Conforme o infográfico abaixo:




A colonização de povoamento foi implementada, em menor escala e para os europeus, na parte norte da colônia inglesa (atual EUA e Canadá), onde o clima não permitiu o cultivo de itens tropicais e sim, de similares aos plantados na Europa. Deste modo a produção era voltada para o consumo interno, predomina a pequena propriedade, a policultura e a mão de obra familiar.


O domínio dos espanhóis

A América pré-colombiana era ocupada por uma população estimada entre 50 milhões a 100 milhões de indígenas, que formavam desde agrupamentos muito primitivos até civilizações sofisticadas. Podemos caracterizar a colonização espanhola como intensa, violenta, uso da agressividade e armas potentes contra os povos indígenas. Teve início com ocupação das ilhas do Caribe durante a viagem de Colombo.  Em 1531, o México foi dominado por Hérnan Cortez levando a quase aniquilação a população e devastando o Império Asteca. No Peru, a conquista do império Inca começou em 1532, e determinou a submissão da população indígena. No fim do século XVI a Espanha já havia tomado posse da maior parte do território de suas possessões na América.

O decréscimo acentuado da população dos nativos foi mais por doenças trazidas pelos europeus e menos por  guerras de dominação. Assim, debilitados foram obrigados a submeter-se como mão de obra escravizada. Após a conquista, as autoridades espanholas trataram de organizar a exploração.  
Dividiu a América espanhola em quatro vice-reinos: Nova Espanha, Nova Granada,  Peru e Rio da Prata. O Real  Supremo Concílio das Índias era o órgão quem indicava administradores para os vice-reinados e para as capitanias. Para isso criaram alguns mecanismos como a Casa de Contratação que controlava o comércio entre a Espanha e a América e punia quem tentasse burlar o monopólio  ou seja, a exclusividade comercial da Metrópole.

As formas de exploração
A atividade econômica mais difundida nas colônias espanholas era extração de metais preciosos principalmente a prata do Peru (no Potosí) e do México. A mão de obra indígena era explorada por diversos meios e estratégias: Adelantados, Mita, Encomienda e Haciendas. 
  • Adelantados eram colonos autorizados pelo governo a escravizar os indígenas para a mineração. 
  • A Mita: regime de trabalho forçado temporário que durava entre 4 meses a um ano. 
  • Haciendas era a grande propriedade agrícola de monocultura e mão de obra escravizada. 
  • Encomienda: a prática era aplicada à agricultura. Os adelantados recebiam terras e a permissão de explorar a mão de obra nativa desde que se comprometessem a ajudar na  catequização. Em troca deveriam pagar impostos ao governo.
A estrutura da sociedade na América espanhola era dominada pelos chapetones, espanhóis que cuidavam da administração. Abaixo deles estavam os criollos, descendentes de espanhóis nascidos na América que formavam aristocracia local. Os cabildos exerciam o controle das câmaras municipais ou ayuntamientos.  Já os mestiços eram artesãos ou capatazes sempre com cargos intermediários na escala produtiva. Os negros escravizados trabalhavam geralmente nas lavouras. Mas a mão de obra mais numerosa foi a indígena. Junto aos negros africanos os nativos estavam na base da pirâmide social e apesar de não ser oficialmente considerados escravos eram tratados como tal.
O clero da Igreja católica que foi para América condenava a exploração dos indígenas. Algumas iniciativas como a criação das reduções ou missões, ou seja espaços controlados pelos eclesiásticos. Nos quais os nativos eram catequizados, alfabetizados e se dedicavam à agricultura tentaram amenizar o sofrimento indígena. Já quanto as escravos negros a igreja pouco se manifestou.

Os resultados.

O processo de exploração na América espanhola foram catastróficos para os povos indígenas, e não se reduziu aos maus tratos. Foi para além disso, provocou a drástica redução da população nativa vitimada por epidemias que reduziam a expectativa de vida. Associada a fome das crises de alimentos, jornada de trabalho extenuantes e insalubres. Além da expulsão dos nativos das suas terras.     


O SISTEMA DE PRODUÇÃO DA AMÉRICA PORTUGUESA


         MAPA DE LUIS TEIXEIRA 1574 - SISTEMA DE CAPITANIAS HEREDITÁRIAS NA AMÉRICA PORTUGUESA.


O desafio gigante para Portugal.
Repleta de riquezas, mais extenso e distante a América portuguesa, que mais tarde se chamará Brasil, era um desafio administrativo para os portugueses. Como eles tentaram resolver o problema?
Com o objetivo de tomar posse, explorar e defender o território que hoje se chama Brasil. Portugal deu início, no século XVI, a montagem da estrutura administrativa da colônia. Para tanto dividiu o território em capitanias hereditárias e mais tarde, aprimorou o sistema criando o Governo Geral

Capitanias hereditárias.

Para empreender uma ocupação em grande escala na Nova Terra, o rei português Dom João III decidiu, em 1534, dividir o território que hoje chamamos de Brasil em 15 faixas de terra: as capitanias hereditárias. O direito de administrá-las, era vitalício e hereditário, conseguido aos donatários, nobres ou burgueses que se comprometiam arcar com os custos internos, repassando grande parte dos rendimentos à coroa portuguesa.
A regulamentação do sistema era feito por meio de dois documentos: a carta de doação e o foral, estabeleceu os direitos e deveres dos donatários e da coroa. O donatário deveria aplicar a justiça e podia doar sesmarias (fazendas) e cobrar impostos relativos a agricultura e a exploração dos rios. A administração portuguesa tributava a exploração do pau-brasil, das especiarias e dos metais preciosos que por ventura encontrasse. No entanto o sistema de Capitanias não apresentou os resultados esperados por causa do isolamento, os ataques dos indígenas e da falta de Investimentos capitanias. Das quinze, somente duas prosperaram foram aí de Pernambuco e a de São Vicente a primeira foi favorecida pelo sucesso na produção açucareira. A segunda desenvolveu a significativa economia de subsistência. As demais o faliram, ou nem sequer foram ocupadas pelos seus donatários.

Governo geral.
Com o fracasso econômico das capitanias hereditárias e o aumento das investidas estrangeiras da colônia, principalmente de franceses, Portugal resolveu impor-se mais fortemente para assumir o controle efetivo da administração do território, em 1548, surgiu o Governo Geral consegue retomar para a coroa a capitania da Bahia e fundar a cidade fortaleza de Salvador, em 1549, a primeira capital da América Portuguesa. Cabia ao governador geral coordenar a defesa, a cobrança de impostos e incentivar a economia. Ele era assessorado pela provedor mor (tesoureiro), ouvidor mor (juiz) e pelo capitão mor (a cargo da Defesa).
Embora o Governo Geral tenha sido implantado após as capitanias, ele não vai substitui-las por completo. A ideia era impor uma centralização política na colônia, o que funcionou na esfera militar, mas não se refletiu no dia a dia em razão da falta de infraestrutura de transporte e comunicação. O poder, de fato, era exercida pelas câmaras municipais de cada Vila, pelos chamados "homens bons". Entre os principais governadores gerais estão Tomé de Souza e Mem de Sá, após a morte desse último em 1572 Portugal dividiu o território Colonial nos governos do norte e do Sul depois voltou atrás e reunificou a colônia. Em 1621, porém fez nova divisão foram criados os estados do Brasil, com capital em Salvador e o Estado do Maranhão, com capital em São Luís e o último passaria em 1701 a se chamar Estado do Grão Pará e Maranhão com sede em Belém.

Mapa de 1574 da Baia de todos os Santos e da cidade de Salvador.

Colonização prá quem?
Durante os três séculos que governou o Brasil, Portugal colocou em prática o rentável modelo de política econômica com o objetivo de transferir as riquezas da colônia para a metrópole, na prática um rapto de fortuna.
Primeiramente entenda que o processo de domínio das terras do Novo Mundo (Américas) não foi colonizador, e sim de exploração. Falar em colonização foi apenas na visão eurocêntrica, pois para indígenas e africanos se institui a dominação na precisão integral do termo. Nesse texto será usado o termo "colônia" como uma terminologia didática tradicional. Esclarecimento feito, a economia do Brasil colonial foi sempre voltada em benefício de Portugal, inserida no contexto do mercantilismo português, foi caracterizada pelo denominado pacto colonial ou exclusivo colonial, pelo qual a colônia somente poderia realizar transações comerciais com a metrópole portuguesa, de forma que a vantagem dos portugueses era total, pois compravam barato da colônia e vendiam caro para a mesma com a garantia da exclusividade na exportação das mercadorias. A enorme parte dos lucros das transações comerciais iam para os cofres da Coroa portuguesa que cobrava impostos abusivos sobre as exportações dos produtos coloniais. As principais atividades econômicas no período inicial do domínio português foram a extração do pau-brasil, a produção de açúcar, a pecuária e uma incipiente mineração.


                                Representação de como funcionava o Exclusivo Colonial de Portugal  


O Pau-Brasil.
A primeira riqueza percebida por Portugal foi o pau-brasil, madeira então abundante em nosso litoral e que fazia parte da variedade de espécies da nossa Mata Atlântica. Usada como matéria-prima para fabricação de tinturas na Europa. A extração da madeira era feita pelos indígenas, que trocavam a mercadoria, numa prática conhecida como escambo, por espelhos, colares, machados e outras ferramentas que eram fornecidas pelos comerciantes portugueses. Em alguns pontos da Costa foram instaladas as feitorias para o armazenamento do produto. A atividade era simples e bastante lucrativa, mas trazia um problema: os marcadores lusitanos vinham ao Brasil, carregavam os navios e, em seguida, voltava à Europa, sem se fixar na terra, esse procedimento facilitava a ocorrência de ataques estrangeiros. Ou seja, para garantir a proteção de seus domínios da América Portugal precisava povoa-los urgentemente. Ocorre que havia uma maneira bastante rentável de fazer isso: bastava introduzir uma atividade produtiva na região.

O Açúcar.
Escolhida a estratégia, definiu-se o produto: o açúcar. A matéria-prima, a cana-de-açúcar, adaptava-se bem ao clima e ao solo da colônia. Além disso Portugal já já possuía experiência na produção de cana nos Açores e na Ilha da Madeira. Para completar, o açúcar tinha grande aceitação na Europa o que era uma garantia de mercado consumidor. Entretanto, faltavam aos portugueses capital Inicial e um eficiente infraestrutura de distribuição. Essa questão foi resolvida com uma parceria com os holandeses que já fretavam o açúcar produzido para Portugal nas ilhas do Atlântico e distribuía pela Europa.
O sistema adotado foi o de plantation, cujas características eram: grandes propriedades (latifúndios) monoculturas (dedicadas apenas um produto) - os engenhos. A mão de obra escrava (primeiramente indígena e depois africana). A produção voltada para o mercado externo.
Latifúndios monocultores e escravidão permitiam uma produção vasta e baixos custos, o que levava a altos lucros. O destino era unicamente a exportação uma vez que Portugal não tinha o menor interesse em desenvolver a economia interna brasileira. Os lucros que permaneciam no Brasil eram poucos e ficava nas mãos dos senhores de engenho, os donos dos latifúndios, provocando grande concentração de renda. A produção de açúcar foi a principal atividade econômica do Brasil colonial durante os séculos 16 e 17 sendo ultrapassada no século 18 pela mineração.

A Pecuária
A criação de gado foi a única das principais atividades da econômicas do sistema de produção colonial voltada ao mercado interno. Em meados do século XVI, foi adotada na Bahia e Pernambuco como fornecedora de meio de transporte, alimento e força de tração nos engenhos de açúcar.  A fim de não competir com a zona de produção da cana de açúcar o gado foi direcionado para o interior (sertões) do território. As trocas e feiras comerciais organizadas pela atividade pecuária permitiu o surgimento de vilas e povoados no interior no Brasil. Além do Nordeste a atividade desenvolveu vigorosamente na região Sul do país, favorecida pelas pastagens naturais dos Pampas gaúchos. 
Os trabalhadores - vaqueiros -  eram homens livres e de origem humilde, geralmente de origem indígena ou mestiços, assalariados ou recebiam algumas cabeças de gado. Assim, embora precariamente, tinham condições de empreender um pequeno negócio e contribuíam para o desenvolvimento da atividade pecuária. Com o advento da atividade mineradora nos sertões, a pecuária foi impulsionada devido a necessidade de abastecimento nas regiões das minas.  

A Mineração.

Assim que a notícia da descoberta das jazidas de ouro na região de Minas Gerais se espalhou, a partir dos século XVII, ocorreu um grande fluxo de pessoas de diversas regiões e condições sociais em busca de riquezas. A fim de organizar a extração dos metais e pedras preciosas a administração portuguesa tratou assegurar seus lucros publicando o Regimento Aurífero que regulamentava a exploração do ouro. 
Estabelecendo a criação de Intendências da minas  e a divisão em lavras e faiscações. As lavras eram mais extensas, demandava mais investimentos e grande quantidade de mão de obra escravizada. 
Diferente das lavras as faiscações eram menores, porém em maior quantidade. 
Aqueles que se dedicavam a atividade mineradora deveriam pagar 20% de imposto à Coroa portuguesa, era o quinto. Devido a grande sonegação do quinto, a administração portuguesa proibindo o uso e comercialização do ouro em pó e cria as Casas de Fundição, obrigando a transformação do ouro em barras, assegurando assim a cobrança do quinto e garantindo a arrecadação do imposto aos cofres da Coroa. Mas, ainda assim, a  fraude fiscal manteve-se e para amenizar o prejuízo a Coroa institui um novo imposto sobre a atividade mineradora, desta vez aplicado sobre a quantidade de escravizados utilizados na mineração.    
A mineração contribuiu para a expansão das novas fronteiras da América Portuguesa, através da interiorização de núcleos urbanos que surgiam, pois ajudavam no crescimento populacional, além de integrar o comércio interno com as transações de compra de gado da região Sul e escravos do Nordeste. A decadência da mineração ocorreu no século XIX com o esgotamento das jazidas provocando um crescente e rápido esvaziamento das áreas das minas.  




SEGUNDA UNIDADE 


A Revolução Industrial. (Resumo)


Os recursos tecnológicos hoje disponíveis nos computadores, telefones celulares, tablets, etc., são resultados de milhares de anos de experimentos da inventividade humana.  Desde a invenção das primitivas ferramentas da Era Neolítica ao fantástico advento da tecnologia de transmissão sem fio (wi-fi) a humanidade vem acumulando conhecimentos e a medida que o tempo passa tornam-se cada vez mais complexos e sofisticados. Contudo há períodos na História em que estes conhecimentos aceleram o ritmo com mudanças rápidas e abrangentes em diversas áreas da atividade humana. Um destes períodos iniciou-se na Inglaterra, por volta de 1750 e recebeu a denominação de Revolução Industrial.

Qual a importância em compreendermos a Revolução Industrial?

Se pretendemos entender os mecanismos de funcionamento do sistema capitalista na atualidade é fundamental que conheçamos o advento da Revolução Industrial. Principalmente no aspecto relacionado às relações de trabalho. 
Para começo de conversa a Revolução Industrial ocorreu por uma necessidade da burguesia. Através de dois lances: a Revolução Puritana e a Revolução Gloriosa a burguesia inglesa deu o golpe final do poder absoluto do rei e apropriou-se do poder político. Aliado a isto está o surgimento de inventos como a bomba e tear hidráulico, o trem e o barco a vapor que contribuíram  para uma importante transformação: a substituição da força física (manufatura) pela força mecânica (máquina) ou seja o trabalho da manufatura passar a ser realizado nas fábricas.


O Barco e  locomotiva a vapor além do tear automático foram as invenções importantes durante a Rev. Industrial.


Inglaterra o berço da Revolução Industrial. Quais condições ajudaram-na a ser a pioneira?
- Acúmulo de capitais (conseguido através da exploração das colônias, principalmente na América do Norte)
- Mão de obra disponível (falta de terra na zona rural em virtude dos cercamentos obrigou os camponeses a migrar para as cidades e se tornarem força de trabalho nas fábricas) .
- Estado liberal burguês (a burguesia ocupava o poder político)
-Jazidas de Carvão (principal combustível que movia as máquinas de produção nas fábricas).

A Revolução Industrial pode ser dividida em 2 períodos principais:
1º - Limitada à Inglaterra - Desenvolvimento nos setores têxtil, siderúrgico e agrícola.
2º - Expansão do processo industrialista à países como a Alemanha, França, EUA, Japão. De características monopolista, imperialista e desenvolvimento do neocolonialismo.

Isto posto, a Revolução Industrial gera transformações econômicas, políticas, sociais e culturais: 
-Consolidação do Capitalismo.
-Afirmação do Liberalismo (e futuramente do Neoliberalismo).
-Urbanização.
-Questão social e novas ideias.

Sobre a questão social e o surgimento de novas ideias é importante ressaltar que os desdobramentos sociais ocorreram a partir do rearranjo de classes sociais no capitalismo moderno ou seja o surgimento de duas novas classes com interesses opostos: a burguesia industrial e a classe trabalhadora (proletariado). Contra o modelo de exploração da força de trabalho pelo capitalista (burguesia industrial) as doutrinas socialistas passam a denunciar as condições de trabalho aviltantes dos que produzem a riqueza, no caso os trabalhadores, mas não compartilham desta. Assim está lançada a pedra fundamental do Socialismo.


       

                                    CRISE NA MONARQUIA NO BRASIL 

                                  "Não é a República que vem, e o império que se vai"


O adeus da coroa.

Identificada com uma realidade socioeconômica decadente a monarquia perdeu suas bases de sustentação e foi substituída pelo sistema Republicano, que até hoje vigora no país.
A proclamação da república foi o movimento político militar que em 1889 extinguiu o império e instaurou no país um regime presidencialista e federativo. A queda da monarquia resultou da ruptura das relações do governo com os três setores que a sustentavam: a igreja, com a questão religiosa, o exército com a questão militar e aristocracia rural escravista em razão da abolição da escravatura.










Questão religiosa.

No segundo reinado o clero se revoltou contra a submissão da Igreja ao Estado que vigorava desde 1824. Pelos princípios constitucionais do Beneplácito e do Padroado, o Imperador tinha respectivamente, os poderes de vetar as decisões papais e de nomear os membros dos cargos eclesiásticos mais importantes do país.
O conflito teve início em 1864, quando o Vaticano proibiu as relações entre a Igreja e a Maçonaria, como essa instituição era muito influente na política brasileira dom Pedro II (era membro da maçonaria) rejeitou a decisão papal. Porém em 1872, os bispos de Olinda e de Belém, mandaram fechar as irmandades religiosas que se negassem a expulsar os maçons.
O governo então condenou os clérigos à prisão, fato esse que abalou de vez a relação entre a Igreja e a monarquia. Boa parte do clero passou a apoiar a causa da república que ironicamente traria a separação entre as duas instituições.

Questão militar.

Após a guerra do Paraguai o exército brasileiro ganhou prestígio entre a população. Nessa época, tornou-se popular nos quartéis a corrente filosófica do positivismo, que defendia a República como um sistema político superior. Convencidos de que cabia aos militares impor ao país "Ordem e Progresso" (típica máxima positivista), estes se indispuseram com autoridade imperial numa série de incidentes.
Os casos mais conhecidos foram o do tenente coronel Sena Madureira e do coronel Cunha Matos punidos por terem se manifestado contra o governo por meio da Imprensa - o que era proibido aos militares. Os episódios ganharam repercussão e se sentindo desprestigiados pelo imperador incentivou o adesão do exército a causa republicana. Em 1887 foi criado o Clube Militar, que passou a pressionar o governo.  Seu primeiro presidente foi o Marechal Deodoro da Fonseca que dois anos depois lideraria a proclamação da República.

Questão Abolicionista.

A campanha abolicionista ocorreu em paralelo com a campanha republicana e, a partir de 1870, teve início na crescente classe média urbana uma campanha a favor da abolição da escravidão e da instalação da República. As camadas urbanas não mais aceitavam o domínio político das antigas aristocracias agrárias. Identificadas com o trabalho assalariado e com a industrialização, as classes médias urbanas queriam um novo regime no qual tivesse maior representatividade na política.
Em 1870 foi fundado no Rio de Janeiro o Partido Republicano, em 1873 surgiu o Partido Republicano Paulista. Nesse mesmo ano reunidos Convenção de Itu, os cafeicultores de São Paulo, o setor mais dinâmico da economia brasileira a época, aderiram à causa republicana.  A campanha crescia, mas não conseguia bons resultados eleitorais. Ficava cada vez mais claro que apenas a luta política seria insuficiente.  Em 1888, pressionado, o governo publicou a lei Áurea abolindo a escravidão definitivamente do Brasil. A medida abalou a monarquia, que perdeu o apoio dos últimos sustentáculos, os latifundiários escravocratas. 

O prelúdio da proclamação da República.

Os republicanos aproveitaram o momento de fragilidade do regime monárquico e intensificaram a conspiração. Comandante de prestígio, Deodoro da Fonseca foi convidado a chefiar ao levante. Em 15 de novembro de 1889 no Rio de Janeiro, à frente das tropas ele proclamou a República (com ressalvas: não existe consenso entre os historiadores sobre ter Deodoro ter verbalizado a proclamação). A família real brasileira foi desterrada para Europa e Deodoro assumiu o governo provisório. Assim uma nova página da história política do Brasil se inicia com a proclamação da república e prossegue até os dias atuais. 

Vale ressaltar que ao abordar as questões religiosa, militar e abolicionista como razões determinantes do fato histórico trata-se de mera estratégia didática concretizada em forma de resumo, pois dentro do complexo enredo de transição da Monarquia para a República no Brasil caberia realizar o aprofundamento e riqueza de detalhes que o assunto demanda, entretanto a opção aqui escolhida foi uma abordagem sintética.    


SEGUNDO IMPÉRIO DO BRASIL  (1840-1889)


O Segundo Reinado caracterizou-se por uma política interna estável, terríveis confrontos internacionais, o café consolidado como carro-chefe da economia e a manutenção da escravidão. Assim foi o capítulo final da monarquia no Brasil sob o comando de dom Pedro II. 

Pedro II aos 14 anos Imperador do Brasil



Período no qual estabeleceu o governo mais longo da história do Brasil, sendo dom Pedro II o brasileiro que mais tempo esteve na governança do país, por 49 anos, teve início com o golpe da maioridade em 1840 e terminou com a proclamação da República em 1889. A política interna, em geral, manteve-se tranquila, contudo o país se envolveu em sangrentos conflitos com as nações vizinhas. A economia foi impulsionada pelo café que contribuiu para uma série de mudanças, ocorridas no fim do período, que ironicamente acabariam colaborando para a queda da monarquia: a substituição da mão de obra escrava pela assalariada, a vinda em massa de imigrantes europeus e um surto de desenvolvimento industrial. Podemos afirmar que as palavras chaves que resumem o Brasil Império foram: escravidão, café e guerra do Paraguai.





Política Interna

Quando o Segundo Reinado começou, o Partido Progressista passou a se chamar Partido Liberal, e o Regressista foi rebatizado pelo nome de Partido Conservador. Essas duas forças políticas disputaram entre si o poder durante a maior parte do governo de Dom Pedro II. O primeiro Ministério nomeado pelo imperador era composto de liberais, mas a câmara dos deputados tinha maioria conservadora. Pressionado pelos ministros Dom Pedro II dissolve a Câmara e convocou novo pleito. As eleições do cacete como ficariam conhecidas, foram marcadas pela violência e pelas fraudes, que garantiram a vitória dos liberais. Em 1841, porém, como o governo não conseguia controlar Revolta dos Farrapos, na província do sul (que hoje corresponde ao Rio Grande do Sul) o imperador nomeou outro gabinete e, no ano seguinte, desagradou novamente a Câmara, dessa vez em favor dos conservadores. Em reação, irromperam em 1842, em São Paulo e em Minas Gerais as rebeliões liberais, debeladas logo em seguida.  Os revoltosos foram indiciados, depois anistiados e dois anos depois do D. Pedro II formou o novo ministério, mais uma vez liberal .


Parlamentarismo às avessas.

Para evitar que a disputas entre liberais e conservadores resultassem novos conflitos armados, que sempre representavam para as elites o risco de uma revolução popular, em 1847 foi adotado o parlamentarismo no país. O regime entretanto, foi adaptado aos interesses da elite agrária nacional. Nas monarquias parlamentaristas clássicas, o poder legislativo é soberano em relação ao executivo e o rei tem atuação bastante limitada (a exemplo do parlamentarismo britânico). Possui eleições para a câmara dos deputados e o partido que obtém maioria na casa legislativa (composta de duas câmaras) compõem o gabinete (primeiro-ministro e conselho de ministros) que como chefe do governo exerce o poder Executivo. Entretanto, no Brasil o sistema foi implantado ao contrário: o Imperador nomeava o presidente do conselho de ministros (primeiro-ministro): que formava o próprio conselho. Depois, eram convocadas eleições parlamentares, geralmente fraudadas para garantir a vitória dos candidatos  do primeiro-ministro. Caso o poder legislativo entrasse em conflito com o gabinete de ministros o imperador poderia dissolver a câmara e convocar novas eleições de acordo com o a sua vontade. Assim, no Brasil institui-se o quarto poder:  Poder Moderador (exclusivo do imperador), e do mesmo modo podia derrubar o Executivo (primeiro-ministro) quando bem entendesse. Portanto não existia soberania ,ou melhor, independência do poder legislativo sobre o executivo e muito menos em relação ao imperador.


Revolta Praieira.

"Quem viver em Pernambuco deve estar desenganado que ou há de ser Cavalcanti ou há de ser cavalgado", esse verso popular expressa, à época da Revolta Praieira, a condição de domínio das oligarquias agrárias, representadas pela poderosa família Cavalcanti em Pernambuco. A adoção do parlamentarismo garantiria de fato um revezamento pacífico entre liberais e conservadores no poder. A última revolta do império ocorreu, em 1848, em Pernambuco, após o veto do Senado dominado pelos conservadores a indicação do liberal pernambucano Antônio da Grama à uma cadeira da casa, a ala exaltada do partido Liberal da província de Pernambuco se rebelou. Chamado de praieiros, pois a sede do seu jornal ficava na rua da Praia, eles tomaram a cidade de Olinda e atacaram o Recife, mas em 1849 foram derrotados. Seguiram-se quatro décadas de relativa paz interna.


Política Externa.

As relações exteriores brasileiras durante o Segundo Reinado foram caracterizados por um desentendimento  diplomático com a Inglaterra, a denominada: Questão Christie, e por conflitos militares com os nossos vizinhos sul-americanos as Guerras Platinas: contra Oribe-Rosas e Aguirre, e, a maior de todas a Guerra do Paraguai

A questão Christie, em 1861, ocorreu quando um navio em inglês naufragou na costa do Rio Grande do Sul e logo depois sua carga desapareceu. E, sem nem esperar conclusão das investigações brasileiras o embaixador em inglês no Brasil exigiu o pagamento de uma pesada indenização. Posteriormente, um incidente com oficiais da marinha inglesa, a paisana, que estavam no Rio de Janeiro provocaram um tumulto ao se embebedarem pelas ruas da cidade. Os oficiais britânicos foram detidos e no distrito policial quando identificados foram libertados. Mas o embaixador em inglês Christi considerou que a marinha britânica havia sido severamente ofendida e exigiu punição aos policiais brasileiros que prenderam os beberrões ingleses.  Como não foi atendido o embaixador mandou um almirante inglês bloquear o porto do Rio de Janeiro e aprisionar navios mercantes brasileiros. A população do Rio de Janeiro reagiu atacando estabelecimentos britânicos da cidade. Christie recuou, então propôs, que a questão fosse resolvida por arbitragem internacional. O árbitro, o rei da Bélgica, que era inclusive parente da Rainha Vitória da Inglaterra, deu ganho de causa ao Brasil e determinou que os ingleses pedissem desculpas. Como a Inglaterra se negou a cumprir o determinado, em 1863 o governo brasileiro cortou relações diplomáticas com o país, só reatando dois anos depois quando finalmente os ingleses emitiram pedido oficial de desculpas.

Guerra contra Oribe e Rosas. Após se tornar independente do Brasil, em 1828, o Uruguai passou a enfrentar disputas internas entre os partidos blanco e colorado. Os partidários do Blanco representavam os fazendeiros de gado aliado da Argentina. Os Colorados eram comerciantes de Montevidéu (capital do Uruguai) apoiados pelo Brasil. Em 1851, o blanco Manuel Oribe assumiu o governo uruguaio e com apoio do ditador argentino Juan Manuel Rosas decretou o bloqueio do porto de Montevidéu. Logo houve reação do Brasil, que já queria intervir no Uruguai em razão das invasões e dos roubos de gado que os partidários blancos, insuflados por Oribe, estavam promovendo no Rio Grande do Sul. Aliado do general rebelde argentino Justo Urquiza, o Brasil conseguiu derrubar Oribe. Após a vitória as tropas aliadas invadiram a Argentina, derrotaram e derrubam Rosas do poder. Em 1852, Urquiza assumiu o governo argentino com aval do Brasil.

Guerra contra Aguirre. A intervenção do Brasil e a deposição de Oribe não cessarão conflitos entre blancos e colorados no Uruguai. Em 1864, subiu ao poder o blanco Aguirre, e as invasões às fronteiras brasileiras voltaram a ocorrer. Atendendo ao pedido dos estancieiros gaúchos o governo Imperial deu a Montevidéu um ultimato: Aguirre deveria pagar uma indenização pelos prejuízos causados aos fazendeiros brasileiros sobre a pena de intervenção militar. O líder uruguaio não aceitou a proposta e rompeu relações com o Brasil procurando apoio do presidente paraguaio Solano López. O Brasil invade o Uruguai e, com ajuda das tropas coloradas de Venâncio Flores derrubou Aguirre. 

Percebam que as guerras contra Rosas-Oribe e Aguirre, denominada como questões fronteiriças na região do rio da Prata, demonstram a interferência externa do Brasil nas questões internas dos seus vizinhos Uruguai e Argentina. Já em relação a Questão Christie, transparecesse a soberba inglesa em relação ao Brasil, do qual era credor e utilizava essa condição, a seu favor, como moeda de troca para pressão política. O governo brasileiro demonstrava a intencionalidade de consolidar sua política expansionista no continente sul-americano, da mesma forma a Inglaterra envidava esforços para resguardar seus interesses comerciais tomando cuidado para não provocar tensões exacerbadas e prejudicar os tratados comerciais firmados com os países da região do Rio da Prata. Essa intricada relação culminará com uma guerra entre quatro nações que arrastará o continente sul para o maior conflito até então registrado: A Guerra do Paraguai.        


Guerra do Paraguai (1864-1870.


Cenário: Pequeno e isolado no interior do continente sul-americano, a antiga nação dos Guaranis, o Paraguai não despertou o interesse das grandes potências estrangeiras após sua independência, em 1811. Adotou um modelo diferente de desenvolvimento em relação aos demais países vizinhos. Praticamente não havia escravidão, nem elite agrária no país, e, sem depender de capital externo (empréstimos) o governo era capaz de garantir eficiente serviços públicos e significativa distribuição da Terra e da renda. Assim, esse relativo sucesso da ex-nação Guarani passou a ser considerado um perigoso exemplo pela Inglaterra e pelos latifundiários dos países vizinhos como o Brasil. Além disso, paraguaios, argentinos e brasileiros tinham pretensões expansionistas conflitantes entre si, de modo que o confronto armado era uma questão de tempo. 
O estopim:  Foi o ataque brasileiro na guerra contra Aguirre, que era aliado do presidente paraguaio Solano López. Ainda em 1864, o líder paraguaio reagiu declarando Guerra ao Brasil. 
A guerra: Esse primeiro ano do conflito foi marcado pelo sucesso da ofensiva Paraguaia. Em 1865, Brasil, Argentina e Uruguai firmaram o Tratado da Tríplice Aliança e com apoio em inglês (empréstimos para logística e compra de armamentos)  deflagraram um forte contra ataque. Sob o comando dos brasileiros Manoel Luís Osório e Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, em 1869 os aliados entraram em Assunção, capital do Paraguai. No ano seguinte com assassinato de Solano López o confronto foi encerrado. O Paraguai teve sua economia destruída cerca de dois terços da sua população foram dizimados e perdeu porções de seu território para os aliados. Apesar de vitorioso o Brasil saiu da guerra com uma grande dívida por causa da importação de armas e equipamentos da Inglaterra.

Ao final da guerra em 1870 o saldo de baixas por país, e o reordenamento das fronteiras: Argentina e Brasil anexam parte do território paraguaio.




Economia e Sociedade 
Bandeira do Império.
Bandeira do Império

Apesar da riqueza trazida pela produção cafeeira a estrutura socioeconômica do Segundo Reinado não sofreu mudanças significativas. A escravidão só foi oficialmente abolida 1888, um ano antes da proclamação da República. e a agricultura voltada para exportação nos grandes latifúndios continuou  sendo nossa principal atividade econômica durante todo o período. As lutas pela modernização acabariam impulsionando a queda do regime monárquico e a proclamação República no Brasil.
O café foi o principal responsável pelas transformações sociais e econômicas das quais o Brasil passou durante o Segundo Reinado. Observe na imagem da bandeira do Império a presença do ramo de café, uma referência a importância cafeeira. A famosa obra de Cândido Portinari - "O lavrador de café" (1934) - é a constatação de que o café mesmo após a Império continuou como o mais importante produto de exportação do Brasil. Perceba as nuances da obra introduzidas pelo artista: a devastação da paisagem para o cultivo no interior paulista e o trabalhador negro em primeiro plano, o cafezal, e a ferrovia ao fundo





O lavrador de café
Inicialmente produzido somente para consumo interno, a partir do começo do século 19, o café foi exportado para os Estados Unidos e Europa. Na década de 1830, já era o principal produto da nossa carteira de exportação e influenciou nos rumos da economia. O cultivo a princípio, restrito ao Rio de Janeiro, expandiu-se do decorrer do século pelo interior da região Sudeste.  Encontrando no oeste paulista seu polo de desenvolvimento. Com o sucesso do café, o Brasil finalmente conseguiu escapar da grave crise econômica que assolou o país durante o primeiro reinado e as regências. 
O produto obteve papel fundamental na disseminação do uso da mão de obra assalariada. Em 1850, quando a pressão inglesa pelo fim da escravidão levou a proibição do tráfico negreiro pela Lei Euzébio de Queiroz, o café estava em plena expansão e os imigrantes europeus passaram a ser alternativa aos escravizados negros. Inicialmente vigorou sistema de parceria segundo o qual os fazendeiros financiavam a vinda e instalação dos estrangeiros em troca de parte da produção porém os imigrantes ficavam altamente dependentes dos latifundiários brasileiros sem nunca conseguir quitar suas dívidas acabando submetidos a um estado de semisservidão - uma espécie de escravidão disfarçada. No final da década de 1850, esses trabalhadores se rebelaram e o sistema de parceria fracassou. 
A partir desse fato deu impulso a firmar contrato assalariados. O governo do Brasil pagava a viagem desde a Europa, enquanto o fazendeiro custeava o primeiro ano de estada e o imigrante recebia um salário fixo anual e mais um rendimento variável conforme produção obtida na colheita. Como resultado os europeus afluíram em massa para o Brasil, em especial os italianos.
O fluxo migratório para o Brasil ocorreu a partir das levas de europeus entre meados do século XIX e a primeira metade do século XX. Em termos quantitativos, italianos, espanhóis, portugueses, japoneses e alemães se tornaram os principais grupos de imigrantes. Até a primeira metade do século XIX, atraídos pelas ofertas de terras oferecidas pelo governo brasileiro, grande parte dos imigrantes se estabeleceram na região sul. A partir de 1870, ocorreu uma mudança e a saída encontrada pelo governo brasileiro foi incentivar a imigração em massa de europeus, pois tinha necessidade de manter o fluxo da produção para exportação do café, na época nossa principal commodity da pauta de exportação, cuja mão de obra utilizada era de escravizados que estava em crise, devido a campanha abolicionista, a pressão inglesa e a resistência dos cativos. 
A abolição total da escravatura viria em 1888 o governo e os grandes fazendeiros aceleram a substituição dos trabalhadores libertos incentivando a vinda de mão de obra de fora do país principalmente da Europa. No início do século 20 a crise da indústria cafeeira levou a redução dos incentivos aos estrangeiros. Após a Primeira Guerra Mundial de 1914/1918 porém o fluxo migratório voltou a crescer Dessa vez impulsionado também por trabalhadores de outras nacionalidades como poloneses judeus e russos . O período posterior à Segunda Guerra Mundial seria marcado pela chegada de outro tipo de estrangeiro os refugiados de países afetados pelo conflito armado.
O avanço da cafeicultura pelo interior do país 

 
Industrialização.
Aos poucos os lucros obtidos com o café passaram a ser  revertidos no investimento da indústria do país. A instalação de fábricas foi catapultada pela Tarifa Alves Branco de 1844, que a fim de aumentar a arrecadação do governo, elevou as taxas das importações. Neste cenário, um personagem se destacou no período como maior investidor da indústria brasileira. O empreendedor gaúcho Irineu Evangelista de  Sousa, o Visconde de Mauá. Investiu em diversas áreas da economia, desde a mobilidade urbana, como as companhias de bonde, a navegação marítima, passando pela iluminação urbana, fundição metalúrgica, estradas de ferro e, até na instalação de um cabo de telégrafo submarino ligando o país à Europa. Sua atuação foi tão importante que as primeiras décadas da segunda metade do século 19 ficaram conhecida como a era como a Era Mauá. Sem o apoio de políticas públicas voltadas ao incentivo de ações empreendedoras, Mauá acabou falindo. A industrialização do Brasil no império foi apenas um surto que só teria prosseguimento décadas depois, no período da República. 


Abolição 

No Brasil o uso do escravo como mão de obra teve início com a atividade açucareira. Atravessou todo o período do domínio português e só foi oficialmente extinto em 1888, já no fim do Império. Durante praticamente todo esse período o trabalho compulsório forçado constituiu a base da economia do país. Eram os escravizados que realizavam a coleta a pesca no serviço doméstico e agricultura. Inicialmente foram escravizados apenas os indígenas depois os africanos que logo se tornaram majoritários. Trazidos pelo tráfico negreiro que dava enorme lucro a metrópole portuguesa, os africanos assim como os povos originários eram submetidos a política desumana de repressão, controle e castigos. 

Contexto: 
A partir de 1830, no período imperial a expansão da cultura cafeeira aumentou a necessidade da mão de obra. Ao mesmo tempo cresciam as pressões, principalmente da Inglaterra, para extinguir o tráfico negreiro. A preocupação inglesa não se assenta na causa humanitária em relação ao cruel tratamento aplicado sobre os escravizados, em especial aos africanos, sequestrados a força para trabalhar nas Américas. 
Da parte da Inglaterra era o temor da concorrência aos seus produtos, visto que nos domínios ingleses do Caribe o comércio do tráfico humano havia sido proibido e os produtos exportados tinham ficado mais caros. Para além disso, a escravidão não era mais compatível com o sistema capitalista do pós Revolução Industrial, considerando o modelo de desenvolvimento inglês com base no consumo e no trabalho assalariado. A roda que move o capitalismo precisava girar e o trabalho escravizado dificultava sua performance, portanto para os interesses financeiros da Inglaterra o sistema escravista precisava ser extinto. Mas, nem todos concordavam com as pretensões inglesas, entre os resistentes à adoção do novo modelo de produção capitalista estava o Brasil, digo, os grandes latifundiários escravocratas e monarquistas. 

O processo de abolição: lento e gradual
Em 1831 cumprindo acordos firmados com a Inglaterra o governo brasileiro declarou ilegal o tráfico de escravos em todo seu território. Porém, a atividade de comércio de escravizados continuou em grande escala. Diante disso o governo britânico aprovou em 1845 a Bill Aberdeen, lei que dava a marinha de guerra inglesa o direito de perseguir e aprisionar navios tumbeiros em qualquer ponto do Atlântico. A pressão inglesa sobre o governo do Brasil era cada vez maior e, em 1850, foi promulgada a lei Eusébio de Queirós que reforçava a proibição da entrada de escravos no Brasil. Até que o governo brasileiro empenhou-se em cumpri-la, mas foi "uma lei para inglês ver". Na prática o comércio de escravizado se adaptou às restrições da lei e continuou existindo de forma clandestina das remessas vindas da África ou passou a ser realizado na modalidade interna interprovincial (comércio de escravizados da lavoura açucareira para a lavoura cafeeira). Com o fim do tráfico interatlântico a escravidão entrou em declínio.

Diante da dificuldade em conseguir mão de obra escravizada e para suprirem demanda da produção os fazendeiros (principalmente os cafeicultores) e o governo Imperial começaram a incentivar a vinda de imigrantes europeus. O trabalho assalariado tornou-se cada vez mais comum em oposição a escravatura que em decadência e passou a ser vista como algo anacrônico por vários setores da sociedade, principalmente as camadas da classe média urbana. Além disso percebeu-se que o trabalho compulsório era um empecilho ao desenvolvimento do capitalismo, pois atravancava a formação do mercado consumidor interno.  Somente por volta de 1880 surgiu o movimento pró-Abolição mais aguerrido que contava com jornalistas, políticos, artistas, etc. A pressão sobre o governo levou a publicação de uma série de leis, que lentamente, conduziram ao fim do trabalho compulsório escravista. Inicialmente foi a Lei do Ventre Livre, em 1871, que libertava os filhos de escravos nascidos a partir de então. A partir de 1885 foi promulgada a Lei do Sexagenário concedendo a liberdade aos raros escravizados que atingiam os 60 anos.  Em 1888, foi criada a Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel que, na época substituía o imperador Dom Pedro II, e finalmente enterrou a escravização no país.

Importante ressaltar a participação, muitas vezes invibilizada pela historiografia tradicional alinhada com governos reacionários elitistas e outras correntes de pensamento, dos negros africanos e dos afrodescendentes que resistiram ao modelo escravista no Brasil. Os negros sempre lutaram contra a escravidão, desde a "Porta do nunca mais" na ocasião do embarque para o cativeiro, as mais diversas formas de resistências quando aqui chegaram. Entre as que empregavam força física e embates como: fugas, revoltas, insurreições, queima de plantações, atentados aos feitores e senhores, suicídio, até a mais expressiva forma: a organização dos quilombos, cujo líder referência foi Zumbi.  A outra modalidade foi o engajamento político, a exemplo de André Rebouças, Luiz Gama, José do Patrocínio entre outros, que acreditavam no fim da escravidão através da formulação de leis. Além de recorrer publicamente a variadas formas de expressão alternativas, inclusive a artística, misturando ações na forma de recitais, concertos e peças de teatro.    
A libertação dos escravos no Brasil não foi acompanhada de uma política de integração a sociedade estima-se que por ocasião da Lei Áurea dos quais 800 mil escravos libertos, menos de 1% sabia ler. Sem qualificação eles não tinham condições de melhorar de vida, e sem melhorar de vida não podiam dar qualificação aos filhos. Esse círculo vicioso dura até hoje. Atualmente 41,7% dos negros brasileiros estão abaixo da linha da pobreza entre os brancos a porcentagem é 19,5%. Na camada mais pobre da população brasileira os negros correspondem quase 74% por cento. Em quanto os brancos brancos representam 25%. 

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