"CRISE NA MONARQUIA NO BRASIL
"Não é a República que vem, e o império que se vai"
O adeus da coroa.Identificada com uma realidade socioeconômica decadente a monarquia perdeu suas bases de sustentação e foi substituída pelo sistema Republicano, que até hoje vigora no país.
A proclamação da república foi o movimento político militar que em 1889 extinguiu o império e instaurou no país um regime presidencialista e federativo. A queda da monarquia resultou da ruptura das relações do governo com os três setores que a sustentavam: a igreja, com a questão religiosa, o exército com a questão militar e aristocracia rural escravista em razão da abolição da escravatura.
Questão religiosa.
No segundo reinado o clero se revoltou contra a submissão da Igreja ao Estado que vigorava desde 1824. Pelos princípios constitucionais do Beneplácito e do Padroado, o Imperador tinha respectivamente, os poderes de vetar as decisões papais e de nomear os membros dos cargos eclesiásticos mais importantes do país.
O conflito teve início em 1864, quando o Vaticano proibiu as relações entre a Igreja e a Maçonaria, como essa instituição era muito influente na política brasileira dom Pedro II (era membro da maçonaria) rejeitou a decisão papal. Porém em 1872, os bispos de Olinda e de Belém, mandaram fechar as irmandades religiosas que se negassem a expulsar os maçons.
O governo então condenou os clérigos à prisão, fato esse que abalou de vez a relação entre a Igreja e a monarquia. Boa parte do clero passou a apoiar a causa da república que ironicamente traria a separação entre as duas instituições.
Questão militar.
Após a guerra do Paraguai o exército brasileiro ganhou prestígio entre a população. Nessa época, tornou-se popular nos quartéis a corrente filosófica do positivismo, que defendia a República como um sistema político superior. Convencidos de que cabia aos militares impor ao país "Ordem e Progresso" (típica máxima positivista), estes se indispuseram com autoridade imperial numa série de incidentes.
Os casos mais conhecidos foram o do tenente coronel Sena Madureira e do coronel Cunha Matos punidos por terem se manifestado contra o governo por meio da Imprensa - o que era proibido aos militares. Os episódios ganharam repercussão e se sentindo desprestigiados pelo imperador incentivou o adesão do exército a causa republicana. Em 1887 foi criado o Clube Militar, que passou a pressionar o governo. Seu primeiro presidente foi o Marechal Deodoro da Fonseca que dois anos depois lideraria a proclamação da República.
Questão Abolicionista.
A campanha abolicionista ocorreu em paralelo com a campanha republicana e, a partir de 1870, teve início na crescente classe média urbana uma campanha a favor da abolição da escravidão e da instalação da República. As camadas urbanas não mais aceitavam o domínio político das antigas aristocracias agrárias. Identificadas com o trabalho assalariado e com a industrialização, as classes médias urbanas queriam um novo regime no qual tivesse maior representatividade na política.
Em 1870 foi fundado no Rio de Janeiro o Partido Republicano, em 1873 surgiu o Partido Republicano Paulista. Nesse mesmo ano reunidos Convenção de Itu, os cafeicultores de São Paulo, o setor mais dinâmico da economia brasileira a época, aderiram à causa republicana. A campanha crescia, mas não conseguia bons resultados eleitorais. Ficava cada vez mais claro que apenas a luta política seria insuficiente. Em 1888, pressionado, o governo publicou a lei Áurea abolindo a escravidão definitivamente do Brasil. A medida abalou a monarquia, que perdeu o apoio dos últimos sustentáculos, os latifundiários escravocratas.
O prelúdio da proclamação da República.
Os republicanos aproveitaram o momento de fragilidade do regime monárquico e intensificaram a conspiração. Comandante de prestígio, Deodoro da Fonseca foi convidado a chefiar ao levante. Em 15 de novembro de 1889 no Rio de Janeiro, à frente das tropas ele proclamou a República (com ressalvas: não existe consenso entre os historiadores sobre ter Deodoro ter verbalizado a proclamação). A família real brasileira foi desterrada para Europa e Deodoro assumiu o governo provisório. Assim uma nova página da história política do Brasil se inicia com a proclamação da república e prossegue até os dias atuais.
Vale ressaltar que ao abordar as questões religiosa, militar e abolicionista como razões determinantes do fato histórico trata-se de mera estratégia didática concretizada em forma de resumo, pois dentro do complexo enredo de transição da Monarquia para a República no Brasil caberia realizar o aprofundamento e riqueza de detalhes que o assunto demanda, entretanto a opção aqui escolhida foi uma abordagem sintética.
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