sexta-feira, 27 de outubro de 2023

A Guerra Fria - Resumo

Sub itens: Corrida Armamentista, Bipolarização, Cortina de Ferro, Plano Mashall, Macartismo, Guerra da Coréia e  do Vietnã, Corrida Espacial, Queda do Muro de Berlim

Introdução.
Após o fim da Segunda Guerra tanto a Europa quanto o mundo não seriam os mesmos. A  Europa estava reduzida as suas dimensões geográficas básicas ou seja, uma península de médio porte a oeste da Ásia. Eventualmente grande parte das nações europeias recuperaria e até ultrapassaria a sua antiga prosperidade, mas jamais teria novamente o papel preponderante na política mundial como possuía antes das duas grandes guerras do século XX. A liderança política do mundo passaria para as mãos dos Estados Unidos e da União Soviética. Em 1911 um jovem político inglês que tornar-se-ia um dos grandes líderes do século XX, Winston Churchill, em pronunciando na tribuna da Câmara dos Comuns alertou: "A guerra só resultaria em ruínas para os países vencidos em razão do deslocamento comercial  e exaustão pouco menos fatais  para os vitoriosos." Churchill viveu o bastante para ver suas previsões confirmadas não uma, mas duas vezes. As duas grandes guerras so século XX provocaram um deslocamento do eixo do poder no planeta. A Guerra Fria marca um dos momentos mais tensos da época contemporânea, durante este período o mundo viveu sob a tutela de duas superpotências rivais e o medo real de um apocalíptico conflito nuclear. 
A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia política, econômica e militar no mundo. Agora os antigos aliados da 2ª Guerra estavam em lados opostos e os antagonismos entre eles afloraram. A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia estatizada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. A outra potência mundial, os Estados Unido, defendia a expansão do sistema capitalista, baseado na economia de mercado, regime democrático e propriedade privada. Diante de tantas diferenças a única característica que tinham em comum era possuir armas nucleares. Entre 1947 até 1989, estas duas potências tentaram implantar em outros países, geralmente através de pressão política e militar, os seus sistemas políticos e econômicos. Esta disputa foi a chamada Política de Bipolarização, ou seja os demais países que compunham as peças do “tabuleiro de xadrez da guerra fria” gravitavam em torno dos EUA ou da URSS – era o mundo bipolar.  
A definição para a expressão “guerra fria” refere-se ao conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate militar declarado e direto entre EUA e URSS
A expressão "Guerra Fria" surgiu em 1947, quando o assessor presidencial dos Estados Unidos, Bernard Baruch usou o termo para se referir à intensa rivalidade entre EUA e União Soviética após o término da Segunda Guerra Mundial.
Até mesmo porque, estes dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e provavelmente da vida no planeta Terra. Quando perguntaram ao famoso físico Albert Eisntein o que seria do mundo após uma guerra nuclear ele deu o seguinte vaticínio: "Não imagino como será uma eventual 3ª Guerra Mundial, mas certamente se houver espaço para uma 4ª Guerra esta será com paus e pedras". Apesar de alguns eventos tensos que deixaram o mundo apreensivo com a possibilidade do perigo real e imediato de uma guerra nuclear como foi o caso da crise dos mísseis de Cuba em 1962, EUA e URSS não chegaram as vias de fato, porém ao longo do século XX ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coréia e no Vietnã.

"A Cortina de Ferro".  Goebbels o ministro da propaganda do Nazismo, certa vez disse "Numa eventual derrota da Alemanha os soviéticos ocupariam toda a Europa Oriental e grande parte do Terceiro Reich e sobre todo este território desceria uma cortina de ferro". Goebels estava certo, após a Segunda Guerra, a Alemanha foi dividida em duas áreas de ocupação entre os países vencedores. A diáspora alemã foi o exemplo mais vísível da Guerra Fria. A República Democrática da Alemanha (RDA), com capital em Berlim, ficou sendo zona de influência soviética e, portanto, socialista. A República Federal da Alemanha (RFA), com capital em Bonn ficou sob a influência dos países capitalistas. A cidade de Berlim foi ainda mais esquartejada, dividida entre as quatro forças que venceram a guerra: URSS, EUA, França e Inglaterra. Em 1961 é erguido o Muro de Berlim, para dividir a cidade ideologicamente: em capitalista e  socialista. É a vergonhosa "cortina de ferro" uma política isolacionista utilizada pela União Soviética. 

Plano Marshall e COMECON.  As duas potências elaboraram planos para desenvolver economicamente os países membros. No final da década de 1940, os EUA colocaram em prática o Plano Marshall, oferecendo ajuda econômica, principalmente através de empréstimos, para reconstruir os países capitalistas afetados pela Segunda Guerra Mundial. Já o COMECON foi criado pela URSS em 1949 com o objetivo de garantir auxílio mútuo entre os países socialistas.


A reedição da Paz Armada.
Na verdade, uma expressão explica muito bem este período: a existência da Paz Armada. As duas potências envolveram-se numa corrida armamentista nuclear, espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos países aliados. A justificativa para tal procedimento era que enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas potências, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do ataque inimigo. Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo objetivo era defender os interesses militares dos países membros. Estes dois blocos eram denominados:
  1. A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos e defendia militarmente os paises capitalistas.
  2. O Pacto de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente os países socialistas.  
Alguns países membros da OTAN : EUA, Canadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França    Alguns países membros do Pacto de Varsóvia : URSS, Cuba, China, Coréia do Norte, Alemanha Oriental

Recentemente o governo dos Estados Unidos anunciou a desativação a última das bombas nucleares considerada a mais poderosa do mundo. Construída da década de 1960 a bomba pesa quase 5 Ton e  600 vezes mais poderosa que a lançada sobre Hiroshima, ocasião na qual "assassinaram" 150 mil pessoas devido a explosão nuclear.  


Corrida Espacial. Não foi somente em terra que EUA e URSS travaram uma disputa. Em busca de avanços tecnológicos ambos corriam para tentar atingir objetivos significativos na área espacial. Isso ocorria em virtude da disputa entre as duas potências, com o objetivo de mostrar para o mundo qual era o sistema mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik e coloca o primeiro satélite em órbita, mas coube a Yuri Gagarin a primazia de ver o planeta Terra do espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, com a missão espacial norte-americana.

Caça as Bruxas. Os EUA lideraram uma forte política de combate ao comunismo em seu território e no mundo. Utilizando os meios de comunicação disponíveis como o cinema, a televisão, os jornais, as propagandas e até mesmo as histórias em quadrinhos (Super Homem, Mulher  Maravilha e Capitão América), divulgou uma campanha valorizando o "american way of life" (modo de vida americano). Vários cidadãos estadunidenses foram presos ou marginalizados por defenderem ideias próximas ao socialismo, o exemplo mais emblemático foi o ator Charles Chaplin o eterno Carlitos.

O Macartismo, assim denominado por ser comandado pelo senador Joseph McCarthy, perseguiu muitas pessoas nos EUA. Essa ideologia também chegava aos países aliados dos EUA, como uma forma de identificar o socialismo com tudo que havia de ruim no planeta esta política externa ficou conhecida como o Big Stick (O Grande Porrete). Cujos reflexos foram sentidos no Brasil mais precisamente com o advento da Ditadura Militar instaurada em 1964.
Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista e seus integrantes perseguiam, prendiam e até matavam todos aqueles que não seguiam as regras estabelecidas pelo governo. Sair destes países, por exemplo, era praticamente impossível. Um sistema de investigação e espionagem foi muito usado de ambos os lados. Enquanto a espionagem dos Estados Unidos cabia aos integrantes da CIA, os funcionários da KGB faziam os serviços secretos soviéticos. Este aspecto da guerra fria foi bastante explorado por Hollywood nos filmes do Agente 007 - James Bond, Missão Impossível, etc.

Envolvimentos Indiretos entre EUA e URSS.                                                                    
                  
·       Guerra da Coréia: Entre os anos de 1951 e 1953 a Coréia foi palco de um conflito armado de grandes proporções. Após a Revolução Maoista ocorrida na China, a Coréia sofre pressões para adotar o sistema socialista em todo seu território. A região sul da Coréia resiste e, com o apoio militar dos Estados Unidos, defende seus interesses. A guerra dura dois anos e termina, em 1953, com a divisão da Coréia no paralelo 38. A Coréia do Norte ficou sob influência soviética e com um sistema socialista, enquanto a Coréia do Sul manteve o sistema capitalista. Atualmente a divisão das Coreias persiste e tecnicamente ainda estão em guerra, pois não foi assinado tratado de paz entre os coreanos.                                 
·       Guerra do Vietnã: Este conflito ocorreu entre 1959 e 1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS. Os soldados norte-americanos, apesar de todo aparato tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os soldados vietcongs (apoiados e armados pelos soviéticos) nas florestas tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e militares morreram nos combates. Os EUA saíram derrotados e tiveram que abandonar o território vietnamita de forma vergonhosa em 1975. O Vietnã passou a ser socialista. 

        Revolução Cubana: Embora tenha se tornado independente em 1902, Cuba foi durante décadas dominada economicamente pelos Estados Unidos, ao ponto destes apoiarem, em 1952, a ditadura de Fulgêncio Batista. Em 1956, o advogado Fidel Castro, ajudado pelo médico argentino Che Guevara, montou uma base rebelde na região de Sierra Maestra e inicia o combate armado. Em 1959 tomou a capital Havana e instaurou um governo revolucionário.  No poder Fidel inicia sua política de nacionalização atingindo várias empresas dos Estados Unidos instaladas em Cuba. Em represália os EUA decretam em 1962 um bloqueio comercial (que ainda está vigente). Fidel aproxima-se da URSS e torna Cuba o único pais socialista da América. Implantou melhoras sociais, especialmente em saúde e educação, mas a economia e a liberdade de expressão continuam precárias. A ilha foi governada por Fidel por 49 anos, em 2008 transferiu o poder para seu irão Raul Castro. Mesmo após o colapso do socialismo o regime cubano se mantém. Cuba ainda é uma espinha atravessada na garganta dos  Estados Unidos.    

·       Outros conflitos: Além dos conflitos na Ásia (Coréia e Vietnã) os embates da Guerra Fria circularam pelo mundo. A Revolução Cubana liderada por Fidel Castro e Che Guevara e os Regimes Militares da América Latina em paises como o Brasil, Chile e Argentina foram exemplos da política da Bipolarização e do "Big Stick".  Um dos derradeiros eventos desta natureza foi a invasão do Afeganistão pela URSS em 1980.


Fim da Guerra Fria.
A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética Mikhail Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, foi implantado nos países socialistas A queda do Muro de Berlim (Muro da Vergonha) foi a representação simbólica do triunfo do Sistema Capitalista no contexto da Guerra Fria.


O Muro de Berlim.
Alçado a condição de ícone da Guerra Fria, o muro de Berlim tornou-se um marco de uma época que dividia um povo, que separava o mundo em dois polos. 
Para saber mais sobre o Muro de Berlim clique em Como surgiu o Muro de Berlim  

Governo Populista - Populismo


A REPÚBLICA POPULISTA 1946 – 1964 (Resumo)


Apesar de habitualmente convencionar-se o período de 1945 a 1964 como o auge do populismo é importante ressaltar que suas raízes não remontam desta época. As suas origens estão na Revolução de 1930. O populismo não foi um advento tipicamente brasileiro, mas latino americano. Trazia a marca de suas origens: a política ambígua como produto de forças transformadoras e contraditórias. Notabilizado por Getúlio Vargas que usou e abusou do carisma pessoal, dos discursos melodramáticos e do uso da propaganda massiva, características consagradoras do grande ícone populista que, ainda hoje, inspira os hábitos e comportamentos das lideranças políticas contemporâneas. Seu discurso nacionalista, a concentração de poderes políticos, uma delicada teia de interesses e alianças proporcionaram-lhe longa permanência a frente da presidência do Brasil. O populismo de Vargas saudava valores e idéias que o credenciava como “grande líder” porta-voz das massas, fundamentando o seu discurso em projetos de inclusão social. Contudo o exemplo que ratifica a contradição do populismo é a denominação dada à Vargas que conseguia, ao mesmo tempo, ser o “pai dos pobres” e a “mãe dos ricos”.
Segundo o sociólogo Francisco Weffort, o populismo, como "estilo de governo", é sempre sensível às pressões populares; simultaneamente, como "política de massa", procura conduzir e manipular as aspirações populares. Isto significa que, aparentemente o comando estava com o povo, porem na realidade, sem aperceber-se a massa popular era sutilmente controlada pelo governante. Podemos retirar a conclusão do que representou o populismo a partir de 3 aspectos:
No plano político/econômico foi o deslocamento do pólo dinâmico da economia - do setor agrário para o urbano -, através do processo de desenvolvimento industrial, em grande parte iniciado pela revolução de 1930.
No plano social, tais transformações econômicas implicaram a ascensão das classes populares urbanas, cujos anseios foram sistematicamente ignorados e reprimidos no período da República Oligárquica.
Do ponto de vista da camada dirigente, o populismo é, por sua vez, a forma assumida pelo Estado para dar conta dos anseios populares e, simultaneamente, elaborar mecanismos para o seu controle.

O MITO DO PAI DOS POBRES - Este texto traz mais informações sobre o populismo.
Vargas foi uma referência do populismo, mas não o único. JK, Jânio e Jango também figuram como representantes deste modelo na época. Posteriormente outros políticos absorveram características populistas em suas trajetórias pessoais, seja no âmbito estadual ou nacional. O populismo não acabou. Ainda está em evidência. Como prova apontamos o estilo de governar do presidente Lula ao incorporar aspectos populistas, mantém altos índices de popularidade no Brasil e destaca-se no cenário político internacional. Cito como exemplo do folclore populista o recente fato de ter recebido elogios do presidente Obama ao comentar "Este é o cara" referindo-se a Lula. Portanto "nunca na História deste país" o populismo esteve tão em voga. Importante lembrar que a passagem para o período da República Populista origina-se nas consequências do término da Segunda Guerra Mundial que repercutiram sobre a política interna do Brasil e contribuíram para o enfraquecimento das bases de sustentação do governo Vargas. Justificativa não faltava. Afinal não fazia sentido manter aqui uma ditadura (o Estado Novo) que enviou tropas para combater a ditadura nazifascista na Europa. Situação não condizente ao cenário mundial de restabelecimento das democracias, após a derrota do nazifascismo. As pressões aumentaram para o término do Estado Novo.

Foi assim que o "Repórter Esso a testemunha ocular da História" anunciou a pelo rádio a renúncia de Vargas em 1945: (Clique no link abaixo para ouvir)

REPÓRTER ESSO NOTICIA A RENÚNCIA DE VARGAS



Eurico Dutra (1946-1951)
Embora não figure como um típico populista, Dutra foi o primeiro presidente do dito período. Eleito com o apoio do PTB e de Getúlio Vargas, a quem derrubou do poder em 1945, chegou a presidência em uma época conturbada por problemas econômicos e políticos. O aumento do custo de vida provocou manifestações de protesto da classe trabalhadora em reação o governo Dutra proibiu greves e interveio em sindicatos. Vamos observar alguns aspectos deste governo considerando a seguinte classificação:
Contexto político Nacional:
  • Elaboração da Constituição de 1946 (Quinta constituição do Brasil e quarta da República) foi considerada foi considerada liberal e redemocratizante. Características: Foi Promulgada; Manteve República Federativa; O Regime Presidencialista (com mandato presidencial de cinco anos); Independência entre os três Poderes; Autonomia estadual e municipal; Voto universal e obrigatório para alfabetizados maiores de 18 anos; Votação para Presidente e Vice-Presidente.
  • Plano Salte (saúde, alimentos, transporte e energia);
  • Proibição do jogo do bicho e fechamento dos cassinos;

Contexto político Internacional:

  • Alinhamento do Brasil aos EUA no contexto da Guerra Fria (Imperialismo Cultural);
  • Rompimento das Relações Diplomáticas com a URSS;Fechamento do PCB;




Getúlio Vargas – PTB (1951 – 1954):


Em 1950 na campanha para presidente traz a baila Getúlio Vargas. Utilizando seus atributos populistas Gegê, como era carinhosamente chamado, consegue se eleger e voltar ao poder "nos braços do povo". Inova na campanha política. Utiliza o "jingle" de campanha divulgado pelos canais midiáticos, principalmente o rádio, fortalecendo a comunicação com as massas trabalhadoras.  
Clique no link para ouvirJINGLE DA CAMPANHA DE VARGAS EM 1950


Afinal nos trabalhadores encontraria um dos pilares de sustentação do governo, cuja principal característica foi a política econômica nacionalista e intervencionista. Característica esta que valeu forte oposição dos adversários políticos e apesar do carisma popular o clima do governo transcorreu em meio a turbulentas crises e resultou no gesto fatídico do suicídio. Fatos do governo Vargas:
  • Plano Lafer (Horácio Lafer): estímulo a indústria de base (Plano Quinquenal);
  • Campanha "O petróleo é nosso", com o apoio de Monteiro Lobato, que culminou em 1953 com a criação da Petrobrás;
  • Empresários nacionais, associados a capitais internacionais, financiaram a oposição ao governo através da UDN e do seu líder e governador da Guanabara Carlos Lacerda (dono da Tribuna da Imprensa);
  • A fim de ganhar apoio das massas Vargas adota uma medida populista: o aumento de 100% do salário mínimo, concedido pelo Ministro do Trabalho João Goulart;
  • Atentado a Carlos Lacerda (rua Toneleros, Copacabana no Rio de Janeiro);
  • Suicídio de Getúlio Vargas (24 de agosto de 1954). Carta Testamento: "...saio da vida para entrar na História."                                                                                                                                                                                  
Clique no link para ouvir o trecho da Carta Testamento anunciada pelo Repórter Esso: A CARTA TESTAMENTO DE VARGAS





Multidão acompanha o cortejo fúnebre de
Vargas no Rio de Janeiro 







O povo chora pela morte do "pai dos pobres"


Assumem respectivamente a presidência Café Filho (vice-presidente), Carlos Luz (presidente da Câmara dos Deputados) e Nereu Ramos (presidente do Senado). Tentativa de golpe dos udenistas (com o apoio de Carlos Luz), que tentam impedir a posse de JK e Jango, acusando-os de "comunistas" e por não conseguirem a maioria absoluta de votos. A tentativa de golpe foi desarticulada pelo general Henrique Teixeira Lot (Ministro da Guerra).


Juscelino Kubitschek – PSD (1955 – 1961)
Carismático e político habilidoso JK, o presidente "bossa nova", notabilizou-se pelo empreendedorismo e na construção de um Brasil moderno como marca da sua administração. Podemos apontar como principal característica deste governo a política econômica modernizadora e com base no capital estrangeiro. Abriu as portas para o capital internacional, elevou o padrão de consumo da população urbana ao incentivar a instalação das indústrias de bens duráveis (automóveis e eletrodomésticos). Concluiu seu mandato com a audaciosa e dispendiosa construção de Brasília. Os principais fatos deste governo foram:
Construção de Brasília a marca da administração JK.

  • Sua plataforma de campanha e de governo foi o Plano de Metas: "50 anos de desenvolvimento em 5 de governo";
  •  Empréstimos e investimentos estrangeiros. O Plano de Metas previa investimentos em: energia, transporte, alimentação indústria de base e educação.
  • Construção de Brasília (Projeto de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa), construída pelos candangos.
  • Concentração de industrias em SP, Rio e MG. Instalação de indústrias de bens duráveis, principalmente multinacionais automobilísticas;
No final do governo JK, o país teve um aumento considerável da dívida externa e da inflação (super inflação), o que provocou o aumento do custo de vida e poder aquisitivo do salário mínimo caiu consideravelmente;
  • O aumento da inflação do custo de vida e da dívida externa, levou o governo a romper com o FMI e a decretar oratória.
  • Criação da SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste);


Jânio Quadros – PTN (1961):



Apesar de ser candidato do inexpressivo partido PTN foi eleito com o apoio da UDN. Comentava-se que: "Jânio é a UDN de porre!". Seu símbolo de campanha foi a "vassourinha" que segundo Jânio, se eleito, varreria a corrupção da administração pública. Particularmente entendo que a escolha de Jânio

o foi o voto de protesto do eleitorado. Teve o significado de um recado aos políticos, em virtude do descrédito nas atitudes das instituições da República no contexto da época. Figura caricata, Jânio, foi autor de medidas polêmicas como a proibição de rinhas de galo e uso do biquíni. No plano da política externa provocou arrepios aos políticos conservadores ligados ao capital estrangeiro (Estados Unidos) quando condecorou Che Guevara em cerimônia oficial. Esquisitices a parte Jânio encerrou seu mandato com uma renúncia pitoresca alegando que "forças terríveis ameaçavam seu mandato" "a mim não falta a coragem da renúncia" . Os principais acontecimentos deste governo:
Jânio condecora Che Guevara em Brasília
  • Manteve uma política externa independente: Reatou relações diplomáticas com a URSS e China Popular. Condecorou o ministro cubano e líder revolucionário de esquerda, Ernesto "Che" Guevara, com a comenda da Ordem do Cruzeiro do Sul.
  • A UDN rompe com Jânio e Carlos Lacerda, em rede de TV, acusa-o de abrir as portas do Brasil ao "comunismo internacional";
  • Sem apoio Jânio Quadros renuncia(26 de Agosto de 1961): "...forças terríveis levantaram-se contra mim e me intrigam ou infamam... A mim não falta a coragem da renúncia."Assim o

Repórter Esso anunciou a misteriosa renúncia de Jânio: A RENÚNCIA DE JÂNIO



Com a renúncia de Jânio, deveria assumir o vice-presidente. Jango estava em visita oficial a China Popular e era considerado pelos grupos reacionários, simpatizante do comunismo. Setores ligados ao grande capital nacional e internacional, com o apoio de parte das Forças Armadas tentaram impedir a posse de Goulart, quando eclodiu em Porto Alegre, depois se espalhando pelo RS e Brasil, o Movimento da Legalidade, liderado pelo governador Leonel Brizola (com o apoio do III Exército), que exigia o cumprimento da constituição e a posse de João Goulart.





João Goulart – PTB (1961 - 1964):
A posse de João Goulart, foi muito tumultuada. Graças as forças da legalidade seu mandato foi garantido. Época em que movimentos pró e anti-revolucionários eclodiram pelo país o governo Jango foi palco do conflito de interesses da implantação de reformas sociais com o capital internacional. A novidade foi a inédita adoção do sistema Parlamentarista,que deveria ser referendado por um plebiscito, tendo como Primeiro Ministro Tancredo Neves; Realização do plebiscito (6 de janeiro de 1963): de um total de 12 milhões de votos, quase 10 milhões de cidadãos votaram contra o parlamentarismo; Podemos caracterizar o mandato de Jango como governo nacionalista e política externa independente. Outros acontecimentos deste governo :
  • Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social:
  • Reformas de Base:   Reforma Agrária; Reforma Urbana; Reforma Educacional; Reforma Eleitoral; Reforma Tributária.
  • Lei de remessas de lucro para o exterior. Desagradou os interesses das multinacionais que operavam no Brasil.

Os trabalhadores deflagaram greves para pressionar os deputados e senadores na aprovação das reformas, as classes dominantes, em oposição, organizavam ,em várias cidades, as Marchas com Deus pela Liberdade, em São Paulo a Marcha teve como uma de suas líderes a socialite Hebe Camargo. Em 31 de março de 1964 começou o Golpe Cível Militar por Minas Gerais (general Olímpio Mourão Filho, apoiado pelo governador Magalhães Pinto), que recebeu a adesão de unidades no RS, SP e GB. Em 1 de abril Jango deixou Brasília e rumou para Porto Alegre, onde Brizola, com o apoio da BM, tentou convence-lo inutilmente a resistir, ambos fugiram para o Uruguai. Termina assim com um golpe civil militar a República Populista e inicia o período da Ditadura Militar de 1964-1985.

Para sabe mais sobre a DitaduraPALESTRA SOBRE FATOS DA DITADURA

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Era Vargas - Estado Novo 1937 a 1945


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A ditadura imposta por Getúlio Vargas no período de 1937 a 1945 ficou conhecida como Estado Novo, correspondeu ao fortalecimento do Estado. Getúlio recebeu apoio dos cafeicultores, dos industriais, das oligarquias e da classe média urbana, todos amedrontados com a expansão da esquerda e  crescimento do comunismo. A denominada ameaça comunista construída pelo embuste do Plano Cohen reforçou a justificativa da criação do regime ditatorial que seria necessário como um instrumento de defesa da democracia contra o comunismo. Entretanto a pergunta que ninguém fez foi: Como defender a democracia da ameaça comunista utilizando o instrumento antidemocrático do regime ditatorial?  Esta foi mais uma das inúmeras contradições da Era Vargas.

Pelas ondas do rádio Vargas anuncia o Estado Novo

A Constituição de 1937, outorgada por Getúlio Vargas, e apelidada de Polaca, por ser extremamente autoritária, concentrava todo poder político nas mãos do Presidente da República. A Carta de 37 tornou-se a base legal e permitiu o fechamento do Congresso Nacional, das Assembleias Estaduais e das Câmaras Municipais, ficando o sistema judiciário subordinado diretamente ao Poder Executivo. Os Estados passaram a ser governados por interventores, nomeados pelo Presidente (na Bahia o escolhido foi Landulfo Alves) que designavam os prefeitos municipais. A atuação da Polícia Especial nunca foi tão avassaladora, os meios de comunicação passam pelo controla do poderoso DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda.órgão responsável pela censura e propaganda do Estado Novo ( criação do programa de rádio  Hora do Brasil, atualmente A Voz do Brasil).
Vargas utilizava as mesmas estratégias de propaganda dos regimes nazifascistas.Tais como a autopromoção da imagem como líder de salvação nacional em comícios grandiosos, utilização das mídias de comunicação em massa (o rádio foi o meio de divulgação da propaganda do governo).

Em 1938, o Governo sufocou uma tentativa de golpe de estado conhecida por Intentona Integralista. Vargas percebeu que os integralistas tornaram-se aliados incômodos em virtude do seu caráter dogmático e inflexível incompatível com o estilo populista e decretou a ilegalidade do partido Integralista. Sentindo-se traídos, os integralistas partiram para o revide, planejaram uma conspiração armada visando tomar o poder de Vargas, mas a rebelião foi sufocada pelas tropas do governo. Depois de presos, muitos rebeldes foram sumariamente executados, nas imediações da residência oficial da presidência.                                                                                                                                                                                                                            


Gestual de saudação entre os integralistas. 
A AIB atuou como base aliada de Vargas durante o período do Governo Constitucional, mas foram surpreendidos com a determinação de colocar o Partido Integralista na ilegalidade. Sentindo-se traídos os integralistas tentaram derrubar Vargas através da Intentona Integralista.  







TRABALHADORES A FAVOR DO ESTADO NOVO.
Vargas desenvolveu uma política tipicamente populista, relacionando-se com massas de trabalhadores, concedendo-lhe diversos benefícios, como o salário mínimo, indenização por dispensa sem justa causa, a regulamentação da jornada de trabalho e do trabalho infantil, decretando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) baseada na Carta del Lavoro instituída pelo regime fascista e Mussoline. A construção da imagem de "Pai dos Trabalhadores ou Pai dos Pobres" percebe-se pela forma sutil, mas eficiente, de aproximação. Ao iniciar um discurso Vargas pronunciava o jargão: "Trabalhadores do Brasil", dando a entender a grande importância do trabalhador para o país. A propaganda institucional do governo Vargas contabilizou a seu favor esta imagem de "pai do trabalhador".




A CARTEIRA DE TRABALHO DE GETÚLIO VARGAS

Observe a imagem acima, é a CTPS de Getúlio Vargas. A primeira impressão é que esta foi a carteira número 1, contudo é uma estratégia de marketing a fim de associar a imagem Getúlio como protetor dos trabalhadores. 
Instituída pelo decreto nº 21.175, de 21 de março de 1932 e regulamentada por outro decreto o nº 22.035, de 29 de outubro de 1932 a CTPS tornou-se o símbolo da legislação trabalhista servia na época como um atestado de boa conduta e sinônimo de honestidade ao seu portador,além de garantir direitos trabalhistas e o acesso a benefícios previdenciários. 

A dualidade de suas ações foi o traço característico da figura de Vargas, embora cultivasse a imagem de benfeitor do povo aplicava uma violenta e ostensiva repressão política. A administração da máquina estatal e a economia fluíam progressiva e crescentemente, com o Estado exercendo um poder centralizador e atuando diretamente na economia. Entre 1938 e 1940 tivemos a formação de diversos órgãos oficiais, como o Conselho Nacional do Petróleo (CNP), e o Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (CNAEE), e a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

O BRASIL DO ESTADO NOVO VAI A GUERRA:
Getúlio Vargas em razão da sua posição oscilante entre o Eixo e os Aliados viabilizou a obtenção, junto aos Estados Unidos, o financiamento para a construção da Usina de Volta Redonda, a compra de armamentos alemães e o fornecimento de material bélico americano. O Estado Novo Varguista manteve uma política ambígua em relação ao Eixo e aos Aliados - "o Brasil sé entra na guerra se a cobrar fumar", era o discurso do governo, porém os Estados Unidos pretendendo utilizar bases militares no nordeste brasileiro a fim de servirem como apoio logístico nas missões militares no norte da África, concederam ao Brasil recursos financeiros, tecnológicos e mão-de-obra especializada para a construção da CSN. 

E não é que a cobra fumou!! As circunstâncias fizeram com que o Governo se inclinasse para os Aliados, declarando guerra aos países do Eixo em agosto de 1942, com a imediata mobilização militar. Em 1943, organizou-se a Força Expedicionária Brasileira (FEB), com 25.000 soldados. Anteriormente, em 1941, foram criados o Ministério da Aeronáutica e a FAB (Força Aérea Brasileira), com as tropas brasileiras desembarcando na Itália em 1944.

A cobra fumou e o Brasil foi a guerra. Os soldados (os pracinhas) usaram a imagem da cobra fumando afixada ao uniforme. A cobra vai fumar! Era uma expressão muita usada na época, se referia a alguma dificuldade à caminho. 








                                                                               Mascote a Força Aérea. Senta a Pua!



O FIM DO ESTADO NOVO
As conseqüências da guerra refletiram-se sobre a política interna brasileira e parte da elite que apoiava a ditadura retirou publicamente esse apoio com a publicação do Manifesto dos Mineiros, em 24 de outubro de 1943. Pressionado, Vargas assinou um Ato Adicional em fevereiro de 1945 convocando eleições presidenciais para o final do ano, formando-se, então, vários partidos políticos: PSD e PTB, que lançaram a candidatura de Eurico Gaspar Dutra, e a UDN, que indicou o Brigadeiro Eduardo Gomes, além da legalização do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que apresentou o nome de Yedo Fiúza. Entretanto, as forças políticas mais poderosas do País, civis e militares, estavam posicionados contra Vargas. A nomeação do seu irmão provoca o pretexto que em 29 de outubro de 1945, precipitou o fim do Estado Novo, com os Generais Gaspar Dutra e Góis Monteiro cercando o Palácio de Guanabara com forças blindadas, obrigando Getúlio Vargas a renunciar. Estava virada a página de um importante período político da História do Brasil. 


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terça-feira, 3 de outubro de 2023

A ERA VARGAS (1930 A 1945)


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A REPÚBLICA EM CRISE - INTRODUÇÃO.

A "Revolução" de 1930 deu início a uma nova etapa de nossa história política, que estendeu-se até 1945, essa fase foi marcada pela liderança política de Getúlio Vargas. Podemos segmentá-la em Governo Provisório, Fase Constitucional e Estado Novo (1937-1945) este último um período ditatorial baseado em burocracia complexa e poder centralizador, com intervenção do Estado na economia e nos sindicatos.
A atividade econômica essencial do país era a agricultura de exportação, principalmente o café. A saturação deste modelo político-econômico das oligarquias agrárias decretou o término da República Velha e ajudou a acelerar um processo de mudanças. Na economia, a indústria e os serviços se desenvolveram em paralelo com a formação da classe operária, integrada inicialmente por imigrantes italianos que trouxeram da Europa as idéias libertárias do comunismo. Na política mais mudanças, em 1922 surgiu o Partido Comunista Brasileiro. Os jovens oficiais genericamente denominados "Tenentes" comandam varias rebeliões e clamam por moralização da política.
Em verdade a proposta de modernização do Brasil consistiu na representação dos interesses da burguesia industrial em ascensão para enfrentar a crise da economia agrário-exportadora que desabou com a quebra do sistema financeiro internacional, fato histórico mais conhecido como a Quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 cujo reflexo no Brasil afetou mortalmente o poder político-econômico dos barões do café.
Deposto o último presidente da República Velha, o paulista Washington Luis, pelas forças políticas e militares em 1930 não promoveu nem transformação revolucionária e tampouco o desenvolvimento do país. Um indicador da confirmação desta afirmação foi a atitude dos "Tenentes" que pegaram em armas para lutar contra as oligarquias e após a vitória da dita "Revolução de 30" (com todas as aspas) compuseram alianças políticas com os oligarcas locais que continuavam a exercer grande poder político. Embora o movimento tenentista reconheça a falência do modelo agrário exportador e tenha retirado parcialmente os latifundiários da condução do poder político do país, em relação a incentivar a industrialização o tenentismo deu pouca ênfase, atribuindo esta tarefa ao Estado.
Vargas foi o candidato da conciliação “nacional” e representava os interesses das elites. Se por um lado pregava a modernização do Brasil (atendendo aos desejos dos industriais e banqueiros) por outro não podia renegar sua origem agrária, pois era filho de rico estancieiro gaúcho (grande produtor rural). Esta dúbia característica foi um fator de apaziguamento das elites em torno do nome deste gaúcho de São Borja. Durante sua trajetória Vargas exercitará sua habilidade de transitar entre as camadas da sociedade. Vezes afagando as elites outras vezes protegendo as massas populares.
Após a queda do governo da República Velha ou Primeira República através do movimento conhecido como a Revolução de 30 "costurou-se" um acordo a fim de definir quem governaria o Brasil. O nome de Vargas representava o consenso entre os movimentos que desejavam o fim da Oligarquia dos Cafeicultores. Contudo é importante ressaltar que este não significou o término do poder das oligarquias. Inicia-se assim a ERA VARGAS um período importante da História do Brasil que começou com uma "revolução" e terminou com um tiro no peito.

"Façamos a revolução antes que o povo a faça", neste bordão do folclore político do Brasil está contida a verdadeira finalidade dos articuladores do movimento de 30 que derrubou a Primeira República ou República Velha. Mas afinal que Revolução é essa na qual o povo ficou na condição de mero espectador? Este é o conceito de Revolução?
Particularmente creio que o termo "revolução" foi, digamos uma licença poética para trazer impacto ao momento desta troca de poder político entre as oligarquias e dar a impressão de que as mudanças seriam profundas. Em verdade ficaria mais condizente a denominação de Golpe de 30.
Entre muitas manifestações de protesto antioligárquico estão: Tenentismo, Semana de Arte Moderna, Greves, A coluna Prestes e a fundação do Partido Comunista do Brasil, daí afirmar que esta troca de oligarquias foi uma revolução, existe uma diferença enorme.

Considerando que Vargas foi o nome de consenso das oligarquias, podemos perguntar: A revolução de 30 foi fruto da participação do "Zé Povinho"?

Vargas (Centro) com os revolucionários no Palácio do Catete - Sede do Governo.

Vamos refletir!!

Afinal a Revolução de 30 representou a continuidade ou uma ruptura?
A pergunta ainda causa polêmica. Tire suas conclusões clicando no link abaixo: http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos20/Revolucao30/RupturaContinuidade

Para Saber mais sobre a "Revolução de 30" clique no link abaixo:
http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u40.jhtm


O GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1932)- Com o discurso apontado à modernidade Vargas recebe o apoio necessário para preparar o terreno em direção aos novos rumos do desenvolvimento do Brasil. Mas "existia uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho existia uma pedra". A pedra era o DESCONTENTAMENTO DAS ELITES. Pelo ponto de vista das oligarquias Vargas inova "em demasia" e preocupa-se com as questões sociais/trabalhistas do operariado, procura defender as riquezas nacionais e centralizar as decisões econômicas e políticas.
A imagem do "pai dos pobres" ou "pai dos trabalhadores" começou a ser construída nesta época, Vargas inaugura uma estratégia populista que iria ser copiada por muitos políticos do Brasil. Para saber mais leia o texto O pai dos pobres o mito de Vargas. 
Atingido pelas "mudanças" no equilíbrio do poder a partir do Movimento de 30, São Paulo perdeu sua tradicional hegemonia política operacionalizada pela "política do café com leite", além da ação posta em prática pelo governo provisório de indicar interventores para governar os paulistas. Assustados com as propostas populistas e inconformados com as ações do "governo provisório" os setores conservadores da sociedade paulista iniciam forte oposição política.Vargas governava através de Decretos, os políticos paulistas reagindo contra esta situação justificavam a urgência de dotar o país de uma Constituição. A intenção por trás disso era abrir a possibilidade de São Paulo retornar ao poder reeditando o período da República Velha. Apesar de vários Estados demonstrarem seu descontentamento contra o governo de Vargas, apenas São Paulo foi as vias de fato. Armas em punho a 09 de Julho de 1932 a "Revolução Constitucionalista" dos paulistas pede a volta da política de República Velha. Apesar da mobilização das guarnições de São Paulo, o governo federal com tropas mais bem equipadas consegue debelar e impor a derrota militar aos paulistas.




















Cartazes conclamando os paulistas a pegarem em armas contra o governo de Vargas.

Para saber mais sobre o Movimento Constitucionalista de clique no link abaixo:
MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA DE 32

O PERÍODO CONSTITUCIONALISTA 1934 -1937
Embora derrotados militarmente pelo governo varguista, o Movimento dos paulistas de 1932 conseguiu uma vitória política sob Vargas: a obrigação de elaborar uma nova carta constitucional para o Brasil - A Constituição de 1934 - que trazia em seus artigos definições importantes:
  • Em relação ao Sistema Eleitoral: Implantar Voto Secreto; mulheres adquirem o direito de votar; criação da Justiça eleitoral independente (fiscalizar). 
  • Direitos Trabalhistas: Salário mínimo, jornada de 8 horas diárias, férias remuneradas, indenização por demissão.
  • Nacionalização das riquezas minerais: as jazidas minerais e quedas d'água capazes de gerar energia passar a ser da União.
Um avanço no quesito de direitos foi a conquista política das mulheres em relação as eleições:
As mulheres ganham direitos e participam da eleição no Brasil. Em 13 de março de 1934 , uma voz feminina se fez ouvir pela primeira vez no Congresso Nacional. Discursava na Tribuna a primeira congressista brasileira, a deputada Carlota Queiroz .













Comício da Profª Natércia em 1933. ..         ..    . Discurso de Carlota Queiroz a 1ª Deputada do Brasil(1934).

As digitais de Vargas na nova Constituição estavam evidentes no seu empenho na aprovação da eleição indireta para presidente apenas para esta legislatura. Eleito presidente, Vargas soube como poucos políticos brasileiros negociar acordos políticos e transitar com desenvoltura entre as correntes ideológicas partidárias. Durante o período constitucionalista esta habilidade de Getúlio foi colocada à prova mantendo-o no poder através dos pactos e costuras políticas com as principais correntes ideológicas: O Integralismo e o Comunismo.

OS INTEGRALISTAS:
Formado por setores conservadores da sociedade: como a facção conservadora da Igreja católica (que combatia ao "comunismo ateu"), pela alta classe média, empresários capitalistas e imigrantes ou descendentes de imigrantes ítalo-germânicos. Seu principal nome e líder foi Plínio Salgado. Possuíam características semelhantes aos programas dos governos totalitários de modelo nazifascista. O Lema dos integralistas era DEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA, sua saudação era ANAUÊ! e o símbolo era a letra grega sigma ∑. 
A forte presença do fascismo na Europa dava subsídios aos intelectuais do movimento para a defesa da adoção deste modelo político no Brasil. Assim o Integralismo caracterizava-se por se opor ao capitalismo imperialista e também ao comunismo, possuía um apelo racista e anti-semita, repudiava a democracia (a considerava fraca e sem pulso firme), era favorável ao unipartidarismo (contrário ao pluralismo político partidário) e a favor do controle total do Estado sobre a sociedade. Entretanto havia divisões entre os integralistas e algumas características apontavam para contradições em relação as propostas do programa partidário.  


O Integralismo representava as idéias políticas de extrema direita.

                                                                                                                                                                  
ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA (ANL) - Era representada por setores ligados aos partidos de esquerda, principalmente ao PCB (Partido Comunista Brasileiro), cujo principal nome é o de Luís Carlos Prestes (no centro da foto). A ANL era contra o fascismo e o imperialismo, portanto fazia oposição ao Integralismo. As propostas dos aliancistas eram voltadas ao programa comunista, ou seja, eram contra o grande latifúndio e a favor da reforma agrária, nacionalização da economia e estatização da propriedade privada.

Como podemos perceber as propostas das principais forças políticas do Brasil neste período eram antagônicas (contrárias) e portanto inconciliáveis, exceto por uma "argamassa" chamada Vargas. Contudo a postura mediadora de Getúlio foi em verdade com a intenção de observar de perto o intuito dos grupos políticos que compunham a base do governo. Mais cedo ou mais tarde Vargas sabia que precisaria descartar os seus aliados políticos eventuais, mas  necessitaria  criar condições adequadas para eliminá-los e ao mesmo tempo ter apoio da sociedade para continuar no poder. Foram os comunistas que deram a Vargas a oportunidade de pôr seu plano em ação, através do advento da Intentona Comunista
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A INTENTONA COMUNISTA - Devido a decretação da ilegalidade do Partido Comunista pelo governo, eclodiu a chamada Intentona Comunista ou seja uma rebelião militar em alguns quartéis dos Estados do RJ, RN e PE. Mal organizada esta revolta foi rapidamente sufocada e seus líderes presos, entre estes estavam Prestes. A reação dos comunistas provocou o pretexto que o governo necessitava para implantar o Estado de Guerra sob a justificativa da suposta "ameaça comunista" através do Plano Cohen. Assim é possível afirmar que a fracassada Intentona Comunista serviu mais aos propósitos de Vargas do que aos anseios políticos dos comunistas.

A INTENTONA INTEGRALISTA - Dando continuidade do seu plano de eliminar seus aliados, Vargas não pretendia dividir o poder com os integralistas e conforme determinava um decreto lei de dezembro de 1937 "estavam extintos todos os partidos políticos", inclusive a AIB (partido integralista). Inconformados com a traição getulista os integralistas tentaram invadir o Palácio do Catete (sede do governo federal) situado na capital do país - o Rio de Janeiro - com objetivo de retirar Vargas do poder, porém a tentativa frustrada de golpe militar foi sufocada pelo governo e os líderes integralistas presos ou executados.

Pronto!! Estava estabelecido um novo período da ERA VARGAS: O ESTADO NOVO. Período que corresponde ao  governo ditatorial inspirado no fascismo e no corporativismo, em voga na Europa naquela época.
Na noite de 10 de novembro de 1937 Vargas anuncia pelas ondas do rádio ao país a decretação da Constituição autoritária, apelidada de Polaca, em razão do seu teor aproximar-se dos moldes do regime ditatorial da Polônia. Esse contexto político foi possível em razão do apoio recebido dos cafeicultores, dos industriais, das oligarquias e da classe média urbana, todos amedrontados com a expansão da esquerda e conseqüente crescimento do comunismo.
Vamos estudar o Estado Novo em separado na próxima postagem!! 
















Nas ondas do rádio Vargas anuncia o Estado Novo. 
Clique abaixo e ouça a voz de Vargas:
PRONUNCIAMENTO DE VARGAS NA OCASIÃO DO 1º DE MAIO


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A Crise na Primeira República


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Introdução.
A princípio devemos considerar que a ERA VARGAS correspondeu a um período historicamente muito rico para o Brasil, em razão aos importantes eventos históricos desta época, cujos desdobramentos repercutiram intensamente na História do país. Em linhas gerais esta fase representou mudanças e ou reajustes de interesses entre os grupos sociais. Estas alterações representariam, em tese, a quebra do paradigma (modelo) da República Velha ou Primeira República através do advento da "Revolução" de 30 (isto mesmo, revolução entre aspas). Porém para compreendermos melhor como foi possível a "Revolução" de 30 (que corresponde a primeira fase da ERA VARGAS) será necessário voltarmos ao período anterior e verificarmos quais condições contribuíram para o desgaste do modelo em vigor conhecido como Primeira República ou República Velha.

O desgaste da República das Oligarquias.
Na primeira década do século XX, o acordo político entre as elites, que davam sustentação ao regime oligárquico, apresentava sinais de esgotamento. A República sonhada em 1889 não correspondia aos princípios praticados em meados dos anos 20 do século passado. Frustrou as expectativas da população, portanto não era de causar espanto a quantidade de manifestações de insatisfação popular que eclodiram pelo país, além das críticas ao modelo de condução da economia e da política, diversos setores da sociedade entre os quais a classe trabalhadora e as camadas médias urbanas promoviam agitações. O mal-estar chegou a atingir até alguns representantes das oligarquias em várias regiões do Brasil. Nas forças armadas era notória e crescente a insatisfação nos quartéis, na Marinha foi sinalizada pela Revolta dos Marinheiros de 1910  e no Exército os jovens oficiais genericamente denominados de "tenentes" acirravam os ânimos contra o regime oligárquico pregando o fim das oligarquias, melhoria no processo eleitoral com implantação do voto secreto, política nacionalista e centralização do poder.    
De maneira geral podemos atribuir que dois problemas graves afetaram a República oligárquica:
1- Os privilégios econômico-financeiros do setor agrícola (principalmente o cafeeiro)
2- A estrutura política baseada na corrupção e no voto de cabresto.
Estes dois fatores eliminavam a representatividade política dos grupos urbanos (principalmente a burguesia industrial paulista em ascensão). Interesses contrariados o grupo formado por banqueiros e industriais que junto a classe média urbana, aos operários e aos imigrantes iniciam uma proposta de “modernização” do país e para tanto seria necessário focar as prioridades do governo para a indústria e não mais na agricultura. O poder político dos coronéis (nordeste) e dos barões do café (sudeste) estava em xeque. Durante a década de 20 travou-se a queda de braço entre os grandes latifundiários e a burguesia urbana, porém um acontecimento externo e de repercussão global afetaria mortalmente o poder econômico dos cafeicultores: A Crise de 1929.
Enfraquecidos, ou melhor, falidos pela crise econômica de 1929 os barões do café perdem prestígio político. Era a oportunidade que as elites urbanas precisavam para tomar o controle da política nacional.
A palavra de ordem era “Modernidade” e em nome desta, movimentações amplas seriam realizadas para colocar o país nos trilhos do desenvolvimento. O discurso modernista representava o novo, o inédito e para tanto seria necessário desvincular-se da imagem da economia agrária e da sociedade rural a fim de deslocar as prioridades para a economia industrial e a sociedade urbana. Ao final esta última conseguirá impor seus interesses.

A Semana de Arte Moderna.
O descontentamento geral instaurou-se país afora, diversos grupos sociais emitiam sinais de que desejavam a renovação da vida nacional. Isto também foi percebido na área cultural com o advento da Semana de Arte Moderna.
Em fevereiro de 1922 um grupo de jovens artistas, patrocinados por membros da elite industrial paulistana, promoveu no Teatro Municipal de São Paulo o evento denominado de Semana de Arte Moderna. Reunindo nomes que representariam a nata do denominado movimento Modernista Brasileiro como os escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia, o maestro Heitor Villa Lobos, os pintores Anita Malfatti e Di Cavalcanti, além de outros. Influenciados pelo Modernismo europeu, estes artistas apresentaram suas obras que destoavam por completo daquilo que a platéia e os críticos conservadores entendiam por arte. A reação da platéia foi violenta: além das vaias, objetos foram arremessados ao palco. 
Com tanta irreverência, diante das formas acadêmicas A Semana de 1922 tornou-se um marco na renovação das artes no país, criando novos referenciais para as futuras produções artísticas. Paulo Prado, um dos patrocinadores do evento, comparou a uma "Renascença moderna" e afirmou: "A semana de arte foi o primeiro protesto coletivo que se ergueu no Brasil contra os fantoches do passado... Assim iniciou o grupo de Arte Moderna a obra de saneamento intelectual de que tanto precisamos".        

A Reação Republicana.
Foi como ficou conhecido o movimento de oposição apoiado por militares e pelos políticos do partido republicano dos estados da Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio de Janeiro cansados da alternância de mineiros com paulistas na presidência da república. Extremamente tensa e tumultuada, a campanha eleitoral levou a crise do seio das oligarquias ao interior dos quartéis. Em virtude do caso das "cartas falsas" os candidatos a presidência trocaram farpas pela autoria do teor das cartas fato que provocou incidente da luta armada no Recife que terminou com a intervenção do governo federal e a prisão do marechal Hermes da Fonseca. Este episódio envolvendo o Marechal provocou enorme descontentamento dos militares em relação ao governo oligárquico.

Revoltas Tenentistas
Após a prisão do marechal Hermes da Fonseca, 302 militares jovens do Forte de Copacabana, Rio de Janeiro, promoveram um levante. Para reprimi-los o governos cercou o forte com cerca de 3 mil soldados. Numericamente inferiorizados a maioria dos revoltosos se rendeu, mas para 17 militares a causa não estava perdida e de armas em punho saíram em marcha pelas ruas de Copacabana.  O episódio conhecido como os 18 do Forte foi a primeira manifestação de repercussão nacional do movimento tenentista. Em afronta ao governo a marcha dos tenentes teve a participação de um civil, um engenheiro, que se somou aos dezesete rebeldes, porém morreu nos combates que se seguiram, assim como a maioria dos oficiais rebelados contra o governo. Do grupo de 18 apenas dois sobrevieram aos combates: os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes.
Outro movimento tenentista de repercussão nacional foi a Coluna Prestes. Liderados pelo major Miguel Costa e pelo capitão Luis Carlos Prestes a coluna percorreu o interior do Brasil por mais de 2 anos e cerca de 25 mil quilometros a pé combatendo o governo e defendendo os ideais tenentistas. Utilizado táticas de guerrilha o grupo de 1500 pessoas venceu muitos combates que travou com as forças do governo. Até Lampião foi convocado pelo Estado para combater a coluna durante sua passagem pelo sertão nordestino, ganhando o título de capitão, mas o cangaceiro desistiu do combate e preferiu ficar com as armas que recebeu do governo para lutar contra os rebeldes. Após dois anos a Coluna Prestes estava reduzida a pouco mais de seiscentas pessoas mal armadas, cansadas e sem auxílio resolveram dissolver a Coluna Prestes e refugiarem-se na Bolívia. Tempos depois Prestes se converteria à doutrina Marxista e filiaria-se ao Partido Comunista do Brasil - PCB, tornando-se por muitos anos seu principal dirigente.

A Revolução de 1930 - Introdução
A Revolução de 1930 deu início a uma nova etapa de nossa história política que estendeu-se até 1945, essa fase foi marcada pela liderança política de Getúlio Vargas. Habitualmente denomina-se esta fase como: A Era VArgas. Podemos segmentá-la em Revolução de 30, Fase constitucional e Estado Novo (1937-1945) este último, um período ditatorial, baseou-se na burocracia complexa, no poder centralizador e com a intervenção do Estado na economia e nos sindicatos.
Vargas foi o candidato da conciliação “nacional” e representava os interesses das elites. Se por um lado pregava a modernização do Brasil (atendendo aos desejos dos industriais e banqueiros) por outro não causava receio a tradicional elite agrária, pois era filho de rico estancieiro gaúcho (grande produtor rural). Esta dúbia característica de Vargas foi fator de apaziguamento entre as forças políticas nacionais em torno do nome deste gaúcho de São Borja e possibilitou, durante sua trajetória no cenário político do Brasil,  exercitar aquela que é considerada sua maior habilidade: a de transitar com facilidade entre as diversas camadas da sociedade. Vezes afagando as elites outras vezes protegendo as massas populares.